Irlanda deve ter primeiro chefe de Estado abertamente gay
O partido que governa a Irlanda, o Fine Gael, elegeu hoje Leo Varadkar como líder da sigla, abrindo caminho para que ele se torne o primeiro chefe de Estado abertamente gay do país, como sucessor de Enda Kenny.
A provável ascensão de Varadkar, de 38 anos, ao mais alto cargo do país é um marco da transformação da Irlanda observada nas últimas décadas. O país era um dos países mais conservadores da Europa e até 1993 a prática homossexual era um crime. Mas em 2015, o cenário mudou e o país se tornou o primeiro a legalizar o casamento gay através de uma votação popular.
“Se essa eleição mostrou alguma coisa, foi que o preconceito não tem lugar nesta república”, disse Varadkar em seu discurso de vitória, após derrotar o ministro Simon Coveney. “Em todo o mundo, as pessoas verão a Irlanda ser lembrada por ser um país onde não importa de onde você veio, mas para onde você quer ir”.
Filho de um médico indiano e uma enfermeira irlandesa, Varadkar advoga pela “internacionalização e a globalização” e está comprometido com uma estratégia econômica de longo prazo, que pretende atrair empresas americanas que procuram acesso à União Europeia (UE).
“Quando meu pai viajou 5 mil milhas para construir um novo lar na Irlanda, duvido que ele tenha sonhado que um dia seu filho seria um adulto gay a se tornar o líder do país”, disse Varadkar
Como primeiro-ministro, Varadkar deve supervisionar um inflamado processo de transformação social. O país deve realizar um referendo sobre a legalização do aborto em quase todas as circunstâncias, dentro dos próximos 18 meses. Varadkar disse que apoiaria a votação.
No entanto, seu maior desafio será a saída do Reino Unido da UE. A Irlanda tem uma relação econômica, política e social mais próxima do Reino do que as dos outros membros do bloco, e espera que as consequências do Brexit sejam negativas.
Para se tornar primeiro-ministro, Varadkar terá de conquistar o apoio de vários legisladores independentes que apoiam o governo minoritário. Ele também precisa renovar um acordo com o principal partido da oposição, o Fianna Fáil, que em 2016 prometeu não derrubar o governo em um período de três anos, após ficar claro que nenhum governo alternativo poderia ser formado.
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