Irlanda investigará abrigos católicos que hospedaram mães no século XX

  • Por Agencia EFE
  • 10/06/2014 11h59
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Dublin, 10 jun (EFE).- O ministro irlandês de Assuntos da Infância, Charlie Flanagan, anunciou nesta terça-feira a criação de uma comissão de investigação sobre as condições dos abrigos para mães solteiras dirigidas por freiras católicas no século XX.

Em entrevista à rede pública “RTE”, Flanagan explicou que as pesquisas tratarão de lançar luz sobre os altos índices de mortalidade infantil registrados nessas instituições, as práticas de enterros, suas políticas de adoções e certos programas de vacinação experimental.

O ministro estimou que cerca de 35 mil mães solteiras passaram por algum dos dez abrigos administrados por ordens de irmãs católicas desde a criação do Estado irlandês, em 1921, até a década de 60.

O governo decidiu empreender a investigação oficial por causa da comoção causada pela descoberta de 800 esqueletos de crianças, a maioria de bebês, em uma vala descoberta no que antigamente era um convento católico em Tuam, no condado de Galway (oeste).

A historiadora Catherine Corless descobriu certificados de óbito que mostram que centenas de crianças mortas jazem no espaço que ocupava um tanque séptico do edifício de Tuam conhecido como “O lar”, que acolhia mães solteiras e foi regido de 1926 a 1961 pela irmandade de freiras do Bom Socorro.

Segundo o especialista, a mortalidade infantil chegou a ser de 30% a 50% durante as décadas de 1930 e 1940 devido às duras condições de vida nas casas de amparada e a negligência das religiosas.

Diante das suspeitas que pode ter mais casos como o de Tuam, as pesquisas da comissão se estenderão a outras instituições de freiras do país para “esclarecer outro obscuro período da história da Irlanda”, disse o ministro.

“Acho que Tuam não deve ser visto como um caso isolado, porque durante o século passado tivemos casas para mães e bebês em todo o país”, acrescentou, e adiantou que a investigação pode começar no final deste mês.

Além de Tuam, existiram três centros das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, já inativos, que têm em seus domínios as chamadas “parcelas de anjos”, onde acredita-se que pode haver cerca de 3.200 crianças enterradas. EFE

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