Isaac Herzog, entre a agridoce vitória pessoal e a derrota partidária

  • Por Agencia EFE
  • 18/03/2015 06h50
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Jerusalém, 18 mar (EFE).- Isaac Herzog se vê nesta quarta-feira entre a agridoce sensação de ter obtido uma vitória pessoal com as 24 cadeiras que conseguiu para sua coalizão de centro-esquerda União Sionista, o melhor resultado desde 1999, e a impossibilidade de desbancar seu rival Benjamin Netanyahu do governo israelense.

“Claro, não são resultados fáceis, há uma conquista nas 24 cadeiras e uma natural decepção por não poder formar governo”, reconheceu hoje a deputada Meirav Mijaeli em uma entrevista ao “Canal 10” da televisão israelense na qual analisou a dramática vitória de seus rivais do Likud.

Ontem à noite, com o fechamento das urnas e a publicação das pesquisas a boca de urna, que mostravam um empate técnico entre o Likud e a União Sionista, as esperanças de mudança de Herzog e sua parceira Tzipi Livni seguiam latentes.

“Este resultado nos permite retornar ao governo, convoco todos os partidos a unir-se a um governo sob meu comando, a um governo de conciliação social”, disse o dirigente, que, sem se destacar por seu carisma nem por um glorioso passado militar, soube insuflar vida no abatido Partido Trabalhista, que lidera desde 2013.

Depois de mais de uma década de queda livre, Herzog reconduziu a legenda até situá-la na primeira posição em intenções de voto antes das eleições de 17 de março, em pesquisas que provaram ser errôneas perante o arrasador desempenho de Netanyahu.

Durante a campanha, os setores mais radicais chegaram a fazer caricaturas de Herzog usando o “kufiya” por suas declarações a favor do diálogo com os palestinos.

No entanto, Herzog, de 54 anos, soube usar credenciais familiares sem as quais nunca teria chegado a estar tão perto de saborear o triunfo.

Este advogado, que agora deverá repensar seu futuro político, pertence a uma linhagem que aglutina aristocracia política, religiosa e militar, o que lhe transformava em um “príncipe” que, apesar de sua discrição, pela primeira vez tinha possibilidades reais de alcançar o trono.

Nascido em Tel Aviv em 1960, Herzog é neto do primeiro grande rabino de Israel, Isaac Halevi Herzog; filho de Haim Herzog, general e chefe em duas ocasiões da inteligência militar, além de sexto presidente do Estado, e sobrinho do mítico ministro das Relações Exteriores, Abba Eban.

Consciente que sua liderança no seio do trabalhismo foi uma corrida de fundo e que, apesar de sua saturação, o eleitorado seguia vendo Netanyahu como melhor candidato a primeiro-ministro, Herzog pediu que se lhe desse algum crédito.

E embora isso tenha ocorrido, como demonstram os resultados, ainda não foi suficiente para desbancar o todo-poderoso Netanyahu. EFE

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