Isabel Bathory, a condessa sangrenta que inspirou a figura de Drácula
Antonio Sánchez Solís.
Viena, 13 out (EFE).- A crueldade e a loucura, o lendário e o histórico se entrelaçam na figura de Isabel Bathory, a “condessa sangrenta” suspeita de ter torturado centenas de jovens, que, acredita-se, inspirou a figura literária de Drácula e cuja morte completa agora 400 anos.
A vida e os crimes desta mulher inspiraram filmes, romances, histórias em quadrinhos e há especialistas que veem nela o modelo que o autor irlandês Bram Stoker usou para escrever seu “Drácula”.
Em 2009, a atriz franco-americana Julie Delpy produziu e protagonizou a mais recente produção cinematográfica sobre a vida de Bathory no filme “A Condessa”.
A condessa viveu, torturou e morreu no castelo de Cachtice, 100 quilômetros ao nordeste de Bratislava, hoje capital da Eslováquia e então uma cidade húngara.
As ruínas da fortaleza foram restauradas por ocasião do quarto centenário da morte de uma das maiores assassinas em série da História, com a esperança de atrair turistas a uma área pouco habituada à chegada de visitantes.
“A figura de Bathory é, sem dúvida, um dos principais atrativos da região”, explicou à Agência Efe Miroslav Dobias, um morador de Cachtice que tenta popularizar este personagem através do site bathory.sk.
“Não consideramos o caso da condessa como algo vergonhoso, mas como uma realidade histórica. Não nos gera nenhum complexo”, comentou.
Isabel Bathory nasceu em 1560 em uma das famílias húngaras mais poderosas da época. Seus pais eram parentes, algo comum entre os nobres de então, uma consanguinidade que poderia ter sido a origem de seus ataques de fúria, talvez causados pela epilepsia, e da crueldade que a tornou tão famosa.
Durante décadas, Bathory sequestrou e torturou até a morte centenas de aldeães, em ritos considerados “satânicos” por alguns. Uma das histórias conta que a condessa se banhava no sangue de suas vítimas na crença que assim se manteria jovem.
Testemunhos escritos falam de como Bathory chegou a arrancar, com leves mordidas, pedaços de carne das jovens que torturava.
Após a morte de seu marido em 1604, a condessa começou a passar mais tempo em seu castelo de Cachtice e seus atos de crueldade se multiplicaram e inclusive começaram a ter como vítimas meninas da nobreza.
Se o desaparecimento de camponesas não tinha causado impacto na Corte, as queixas de famílias aristocráticas fizeram com que o rei húngaro Matias II ordenasse sua detenção.
Em dezembro de 1610 os homens do imperador descobriram no castelo vários cadáveres e mulheres moribundas ou esperando nas masmorras para serem torturadas.
O julgamento foi rápido e contundente. Vários serventes da condessa foram interrogados sob tortura, sentenciados por bruxaria e decapitados ou queimados vivos.
O berço de ouro de Bathory lhe poupou de ser julgada e nem sequer presenciou o processo, mas, mesmo assim, não se livrou de um castigo.
Em 1611 a condessa foi encarcerada em seus aposentos, que ficaram selados, apenas com pequenas aberturas para que entrasse o ar e para receber comida. Morreu três anos mais tarde, em agosto de 1614, e seus restos foram levados para Ecsed, seu local de nascimento.
Hoje as autoridades de Cachtice tentam reivindicar a figura de sua moradora mais infame.
Na praça central da cidade foi erguida uma escultura que a representa e uma pequena sala do museu local está dedicada à condessa, com objetos que lhe pertenceram, uma réplica de um de seus vestidos, retratos e utensílios da época.
Na fortaleza é possível percorrer as passagens subterrâneas, os calabouços e até mesmo os destroços que poderiam ser dos aposentos privados nos quais morreu a “condessa sangrenta”.
Para embarcar na onda, produtores locais de vinhos já reagiram à chegada de mais visitantes à região, com novas marcas como “Sangue de Bathory” ou “Lágrima de Donzela”. EFE
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