Israel merece o Nobel da Paz por “contenção”, afirma seu embaixador nos EUA
Washington, 25 jul (EFE).- O embaixador de Israel em Washington, Ron Dremer, disse nesta sexta-feira em declarações à Agência Efe que “Israel merece o Prêmio Nobel da Paz pela contenção que estão demonstrando as Forças Armadas” na Faixa de Gaza, apesar do número de mortos no território palestino já superar os 800, muitos deles civis.
O diplomata criticou os meios de comunicação por não destacarem que o Hamas está utilizando a população civil como “escudo humano” e estabelecendo uma estratégia bélica que se repetirá no futuro, se esta não for denunciada publicamente.
Dremer, embaixador israelense em Washington há menos de um ano, afirmou que Israel merece “a admiração da comunidade internacional” pelo cuidado com o qual está realizando a incursão terrestre em Gaza, apesar de ter reconhecido que alguns erros foram cometidos.
“As críticas às operações militares só conseguirão convencer o Hamas de continuar utilizando civis como escudos humanos, já que Israel é quem acaba sendo responsabilizado por essas mortes”, disse o embaixador.
Na sua opinião, se o Hamas considera que esta é uma estratégia efetiva, não se comprometerá com um cessar-fogo de longo prazo com Israel, o que, por enquanto, parece distante.
A invasão terrestre, que começou há uma semana como resposta aos ataques com foguetes do Hamas, fez o número de mortes disparar, especialmente em Gaza, onde fontes oficiais dentro do território palestino já situam os mortos em 865 e os feridos em 5,7 mil, a maioria civis.
A ofensiva, que também custou a vida de 35 soldados e três civis israelenses, gerou também um aumento nas críticas de organizações de defesa dos direitos humanos.
A morte de um grande número de crianças palestinas e o ataque contra uma escola-refúgio das Nações Unidas em Beit Hanoun na última quinta-feira, no qual morreram 15 pessoas por disparos e cuja autoria ainda não foi confirmada, provocaram um clamor internacional por um cessar-fogo imediato, que acabou sendo estipulado hoje por pelo menos 12 horas.
Fontes israelenses que pediram o anonimato garantiram nesta sexta-feira que “terroristas” do Hamas realizaram disparos de um edifício pertencente às instalações do complexo escolar de Beit Hanoun atacado ontem. “Cometemos erros, mas o número de vítimas poderia ser muito pior”, reconheceram.
A investigação de Israel, que apresentará seus resultados em “alguns dias”, pretende esclarecer se os disparos que causaram o massacre na escola de Beit Hanoun foram lançados pelo Hamas.
Funcionários israelenses não escondem sua frustração pelas críticas que o país vem recebendo depois de 19 dias da operação Limite Protetor, que tem como principal objetivo destruir as posições de onde o Hamas lançou mais de 2 mil foguetes contra o território israelenses e acabar com a rede de túneis que ligam Gaza a Israel.
“Podemos dizer que estamos sendo crucificados (pela imprensa). Estamos horrorizados com as mortes (de crianças), mas quem deve ser culpado por elas é o Hamas”, garantiram.
Funcionários israelenses que conhecem os detalhes da operação Limite Protetor argumentam que o Hamas está escondendo armas em escolas e casas e que o grupo também faz ameaças à população, ordenando que as pessoas não deixem os locais que Israel avisa com adiantamento que serão alvos de ataques.
O governo israelense considera que o Hamas quer romper o isolamento ao qual foi submetido depois da deposição, no ano passado, do governo egípcio de Mohammed Mursi, a quem acusou de ter fornecido materiais para a fabricação de seu arsenal de foguetes.
Segundo estimativas de fontes israelenses, sob a pressão imposta pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês), o Hamas teria a capacidade de manter seus ataques “por mais uma ou duas semanas”. EFE
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