Israel proíbe transmissão de TV palestina em seu território

  • Por Agencia EFE
  • 09/07/2015 16h07

Jerusalém, 9 jul (EFE).- O ministro de Comunicações de Israel, Gilad Erdan, proibiu nesta quinta-feira as transmissões em todo o território de Israel da nova emissora de televisão “Palestine 48”, alegando que ela não tem as permissões necessárias.

A ordem foi assinada pelo ministro após vários meses nos quais Israel seguia as intenções deste canal de transmitir desde Ramala via satélite e dar voz com ele à minoria árabe do país, formada por cerca de um milhão e meio de habitantes.

Segundo o portal de notícias “Ynet”, Israel considera que este veículo patrocinado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) não conta com as autorizações pertinentes estipuladas nos Acordos de Oslo assinados pelas partes em 1994.

Por isso, a ordem, que estará em vigor durante seis meses, proíbe qualquer pessoa ou empresa em Israel de oferecer seus serviços ao canal de televisão.

O nome “Palestine 48” homenageia os árabes que habitavam a Palestina histórica em 1948, ano em que foi criado o Estado de Israel, e de cujo território muitos deles tiveram que sair após a primeira guerra árabe-israelense.

O canal, que teve já transmissões de teste, tem a intenção de produzir conteúdo de regiões dentro do território reconhecido de Israel nas quais vive a minoria de origem palestina, para depois enviá-lo a Ramala e retransmití-lo por sinais de satélite com a ajuda de uma empresa de produção localizada em Nazaré, no norte de Israel.

A ordem do ministro israelense proibirá que qualquer empresa israelense possa prestar serviços ao canal, que foi fundado com a colaboração dos deputados que representam a minoria palestina no Knesset (parlamento israelense).

No mês passado, a Corporação de Radiodifusão Palestina já tinha denunciado a possibilidade de que Israel impedisse as transmissões e advertiu que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, só poderia fazê-lo “se entrar em Ramala com suas forças, ocupar o edifício do Ministério de Comunicação e destruir os equipamentos”, segundo palavras do ministro de Comunicações palestino, Riad Hassan.

“Atuamos de acordo com a lei, não estamos fisicamente dentro de Israel, mas pagamos por serviços ou contratamos empresas”, acrescentou o dirigente palestino.

Segundo Hassan, a iniciativa quer “contar ao mundo árabe as dificuldades culturais e financeiras que (os palestinos) sofrem”.

“Isto não é uma tentativa de burlar a lei em Israel”, assegurou.

Por sua vez, o porta-voz do Ministério de Comunicações israelense, Yejiel Shavi, afirmou à Agência Efe que o governo está analisando os aspectos legais para decidir se, por se tratar de uma televisão palestina, a lei permitia a transmissão de seus conteúdos em Israel.

A minoria palestina de Israel, conhecida localmente como “árabes-israelenses”, tem outros canais que transmitem por cabo de acordo com a legislação israelense, e a TV pública israelense está obrigada por lei a incluir programação em árabe. EFE

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