Israel rejeita volta de refugiados palestinos e defende dois Estados
Jerusalém, 16 jan (EFE).- O governo israelense se opõe fortemente a um retorno dos refugiados palestinos para Israel, e em princípio defende que a fórmula de dois Estados deve responder a essa questão, disseram à Agência Efe fontes oficiais.
“Achamos que a solução de dois Estados para dois povos significa que os palestinos devem retornar ao Estado palestino, e não ao israelense. O princípio é que os refugiados que quiserem voltem ao Estado palestino”, manifestou a fonte, que pediu não ser identificada.
As declarações acontecem à luz das informações aparecidas na imprensa local que apontam a que o secretário de Estado americano, John Kerry, teria proposto ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, aceitar que cerca de 80 mil refugiados pudessem voltar a Israel em virtude de um acordo de paz definitivo.
Segundo essas informações, que se sustentam em comentários de funcionários do governo palestino, a proposta americana atual é semelhante, em número de refugiados e na fórmula para resolver a questão, à qual fez o então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton durante as conversas de Camp David no ano de 2000.
Neste sentido, as mesmas informações apontam que Abbas quereria que o número de palestinos que pudessem retornar ao território israelense subisse para 200 mil, reivindicação que as partes estariam debatendo.
Uma fonte oficial da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) consultada pela Agência Efe se limitou a comentar: “os esforços de Kerry até o momento só vieram em forma de ideias e propostas ao calor dos debates e não temos nenhuma iniciativa por escrito que possamos contestar”.
A mesma fonte ressaltou, no entanto, que a questão do direito ao retorno dos refugiados palestinos nas sucessivas guerras árabes-israelenses e seus descendentes (sendo que 1,2 milhão vive na Cisjordânia e em Gaza) foi analisada nos contatos que mantêm as partes há mais de cinco meses.
“Demos aos americanos nossa posição sobre os vários temas analisados, incluindo os refugiados, Jerusalém e questões relacionadas com a segurança”, disse.
Um indício de que a questão dos refugiados palestinos é parte do jogo é que no domingo o titular israelense de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, disse a embaixadores credenciados em Israel que seu país não aceitaria “nem um só” refugiado.
Esta questão também foi abordada sem sucesso em 2008, data em que o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert aparentemente teria expressado sua disposição a aceitar em torno de 5 mil refugiados dentro de Israel.
Os refugiados, o status de Jerusalém, as fronteiras, a água e a segurança são os pontos tradicionais de conflito que todo processo de paz no Oriente Médio enfrenta.
A tudo isso se somou, durante mais esse esforço liderado por Kerry, a reivindicação israelense de que os palestinos reconheçam seu estado como “Estado Judeu”. EFE
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