Israel retira maior parte de suas tropas, mas segue com bombardeios em Gaza

  • Por Agencia EFE
  • 03/08/2014 17h04

O Exército de Israel continuou atacando neste domingo (3) diferentes pontos de Gaza, incluindo uma escola da ONU na qual morreram dez palestinos, segundo denunciaram fontes sanitárias da Faixa, enquanto retirava a maior parte de suas tropas terrestres.

Durante a jornada de hoje morreram 54 palestinos em decorrência dos ataques de tanques e aviões de combate israelenses em toda a faixa, informou o porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza, Ashraf al Qedra, que elevou o número de mortos para 1.766, além de 9.500 feridos, na ofensiva que se prolonga por 27 dias.

De acordo com a fonte, um dos alvos dos bombardeios de hoje foi novamente uma escola mantida pela Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), na cidade meridional de Rafah, na qual dez pessoas morreram.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, qualificou o ataque de “ultraje moral e ato criminoso”, afirmando que se trata de “outra grave violação da lei humanitária internacional”.

De acordo com a ONU, em Gaza há cerca de 450 mil refugiados e deslocados pela ofensiva israelense, que, mesmo com o início da retirada de grande parte das tropas terrestres, segue em andamento, principalmente ao sul da faixa.

Ban ressaltou que os refúgios da ONU devem ser zonas seguras e que “informou repetidamente às Forças Armadas de Israel sobre a localização dessas instalações”, antes de pedir uma investigação do fato e justiça aos responsáveis.

Além da escola, uma casa em Rafah foi atacada em um bombardeio aéreo que resultou na morte de nove pessoas da mesma família, que se somam a outros quatro membros de uma mesma família, entre eles um menor, mortos em um ataque similar nessa cidade.

O centro de Gaza também foi alvo de outro ataque israelense, no qual, segundo fontes médicas, seis pessoas morreram.

Durante a atual ofensiva, projéteis do Exército israelense atingiram pelo menos outras cinco vezes as estruturas da ONU, todas com dezenas de vítimas.

O Exército israelense disse estar investigando as consequências do ataque contra três membros da Jihad Islâmica que circulavam em uma moto próximo à escola da ONU em Rafah.

Além disso, o Exército confirmou ter atacado hoje 40 “alvos terroristas em Gaza, assim como oito terroristas”.

Por outro lado, Israel recuou suas forças da maior parte do território da faixa que ocupava desde o início da ofensiva há mais de três semanas, com a exceção da zona de Rafah, asseguraram fontes militares.

“Estamos completando a retirada de quase todos os setores”, disseram as fontes militares à Agencia Efe ao explicar que hoje o Corpo de Engenheiros completava a demolição do último dos túneis que o Hamas construiu entre Gaza e Israel.

No final da tarde, um porta-voz militar se limitava a comentar que a “reorganização de tropas” seguia sendo realizada.

Ontem, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que estava a missão para a qual tinha ordenado a entrada de forças terrestres, a destruição de túneis, estava quase completa e, por isso, o Exército passou a se posicionar em “zonas mais cômodas” para responder aos “interesses de segurança”.

Israel deu início a operação Limite Protetor no último dia 8 de julho com intensos bombardeios aéreos e com o objetivo de impedir o disparo de foguetes contra seu território. Posteriormente, no dia 17 de julho, o Exército invadiu Gaza por terra para desmantelar túneis cavados pelo Hamas com fins ofensivos.

Durante a jornada de hoje milicianos palestinos dispararam cerca de 60 projéteis, sendo que nenhum resultou em mortes. Calcula-se que mais de 3 mil foguetes já tenham sido lançados desde Gaza em direção à Israel no atual conflito. Desde o início da operação, pelo menos 64 soldados israelenses morreram em combate, além de dois civis e um trabalhador tailandês.

Imagens das televisões locais mostravam hoje os tanques se retirando de Gaza com bandeiras israelenses, embora comentaristas locais tenham dito que os ânimos entre as tropas evidenciavam uma sensação de fracasso e de que a operação chegava ao seu fim sem ter alcançado seus objetivos.

O Executivo israelense optou pela saída de Gaza de forma unilateral e para não ter de negociar ou se ver em “negociações fúteis” com o Hamas, enquanto a posição de Israel em relação às reivindicações palestinas apresentadas hoje no Cairo contínua sendo uma incógnita. 

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