Israel revela que negocia em segredo com países árabes como Arábia Saudita
Jerusalém, 14 abr (EFE).- Israel mantém há muito tempo contatos secretos com países árabes como a Arábia Saudita e o Kuwait para tentar criar uma aliança contra o Irã, estado ao qual consideram um inimigo comum, revelou nesta segunda-feira o ministro israelense de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.
Em entrevista divulgada nesta segunda-feira pelo jornal “Yedioth Ahronoth”, Lieberman, líder do partido ultradireitista Yisrael Beiteinu, disse também que acredita que Israel possa estabelecer relações diplomáticas plenas com “países árabes moderados” em um futuro próximo.
Para Israel, “países árabes moderados” são os que se encontram no Golfo Pérsico e os que têm de uma boa relação com os Estados Unidos.
“Existem contatos, há negociações e estamos em uma fase em que em um ano ou 18 meses essas negociações poderão deixar de ser secretas”, afirmou Lieberman.
“Há vários anos de reuniões e negociações com eles. Sua preocupação é que só existe uma linha vermelha, e essa é o Irã”, acrescentou Lieberman, que está disposto a viajar ao Kuwait e Arábia Saudita quando for possível.
Embora os rumores sobre estes contatos existem há muito tempo -denunciados pelo Irã-, esta é a primeira vez que um alto responsável israelense admite as conversar em público.
Logo após a publicação da entrevista, a primeira que o chefe da diplomacia israelense concede em seis meses- Riad negou que as reuniões tenham ocorrido.
Israel assinou a paz com o Egito em 1978 e com a Jordânia em 1994, os dois únicos países árabes que até o momento reconhecem e mantêm relações diplomáticas com o estado judeu.
“Tenho certeza que um pouco mais tarde chegaremos a uma situação na qual teremos relações diplomáticas plenas com a maioria dos estados moderados árabes”, disse.
Uma grande parte da comunidade internacional, com os Estados Unidos e Israel à frente, acusam o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, um projeto de natureza clandestina com objetivo de obter um arsenal atômico, alegação que Teerã nega.
O governo israelense tenta há anos convencer os países árabes da região que o programa nuclear iraniano é uma ameaça comum que precisam combater juntos, apesar de Israel ser a única nação da Oriente Médio que, segundo os analistas, possui um arsenal atômico.
A Arábia Saudita, por sua parte, diz que se o Irã adquirisse uma bomba atômica seria aberta uma corrida armamentista na região. EFE
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