Israelenses fazem campanha para que Messi condene morte de menino em Israel

  • Por Agencia EFE
  • 24/08/2014 13h43

Jerusalém, 24 ago (EFE).- Centenas de israelenses começaram uma agressiva campanha nas redes sociais para envolver o craque argentino Lionel Messi no conflito em Gaza e obrigá-lo a condenar a morte de um menino israelense, que vestia a camisa da seleção argentina com o nome do astro do Barcelona quando foi atingido por um morteiro lançado do território palestino na última sexta-feira.

A campanha foi criticada por jornalistas israelenses de prestígio como Gideon Levy, que a tacharam de demagógica e partidária, já que a sociedade israelense não reagiu da mesma forma na morte de aproximadamente 600 crianças na Faixa de Gaza, muitas da quais também vestiam a camisa do jogador argentino.

Uma das mensagens postadas no Facebook, enviada com cópia tanto para o perfil de Messi como do Barcelona, diz: “Ei Leo Messi, dê uma olhada para este menino que estava usando a camisa nacional do melhor jogador do mundo”, junto com uma foto de Daniel Tregaron com o uniforme argentino.

O menino, de quatro anos, morreu na última sexta-feira pelo impacto de um morteiro lançado da Faixa de Gaza contra um kibutz do sul de Israel e se tornou a primeira criança israelense a perder a vida no atual conflito.

Segundo fontes oficiais palestinas, pelo menos 567 crianças e menores palestinos morreram nos 48 dias de contínuos bombardeios israelenses sobre a Faixa de Gaza, os dois últimos, um bebê de dois anos e uma adolescente de 17, nesta mesma manhã.

A campanha também faz ataques contra o Barcelona, pois a equipe é patrocinada pela “Catar Airways”, empresa aérea do país onde vive exilado o líder político do Hamas, Khaled Mishaal.

Em outra mensagem, divulgada no Twitter e também com cópia para o perfil de Messi, está escrito: “Daniel foi morto por uma organização terrorista que patrocina sua equipe”.

Há duas semanas, Messi postou em seu perfil do “Facebook” que sente uma “enorme tristeza” pela morte de crianças no atual conflito, junto com uma foto de uma criança palestina ferida.

O jogador afirmou que, como pai e embaixador da boa vontade da Unicef, está “terrivelmente triste pelas imagens que vemos do conflito” entre Israel e Palestina, onde a violência já matou e feriu um número incontável de jovens e crianças.

Nos 48 dias de bombardeios israelenses sobre a Faixa de Gaza, 2.108 palestinos já morreram e mais de 10,5 mil ficaram feridos.

Também já morreram no conflito 64 soldados e dois civis israelenses – entre eles o menor com a camisa de Messi – um beduíno e um trabalhador asiático, estes últimos atingidos por projéteis lançados da Faixa de Gaza.

Em artigo publicado hoje, o jornalista israelense, Gideon Levy, criticou a sociedade israelense por não ter se sensibilizado com a morte de crianças palestinas.

“Vamos admitir a verdade: as crianças palestinas em Israel são consideradas insetos. É uma declaração horrível, mas não há outra maneira de descrever Israel em 2014. Durante seis semanas, centenas de crianças foram destruídas”, afirmou.

“Alguém tem que levantar a voz e gritar: chega! Nenhuma desculpa ou explicação pode ajudar, não existe isso que uma criança pode ser morta e outra não. São crianças mortas por nada, centenas de crianças que morreram e ninguém se sensibilizou em Israel. Mas bastou apenas um menino, um único menino, para que sua morte causasse dor e comoção”, disse. EFE

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