Itaipu doou US$ 300 mil e um teatro para polêmica diocese do Paraguai

  • Por Agencia EFE
  • 22/07/2014 18h41

Assunção, 22 jul (EFE).- A represa de Itaipu, compartilhada entre Brasil e Paraguai, doou US$ 300 mil e um teatro à Diocese de Ciudad del Este, que está sendo investigada por uma missão do Vaticano pela polêmica gerada pela presença de um sacerdote argentino acusado de abusos sexuais, disseram nesta terça-feira várias fontes.

A própria diocese, comandada pelo bispo do Opus Dei Rogelio Livieres, à qual um grupo de laicos acusa de mal administrar fundos, assegurou em comunicado, emitido perante a visita dos enviados do Santo Padre, que usou os US$ 300 mil para manter seu novo seminário, que atende cerca de 200 pessoas.

Livieres se defendeu das acusações do líder laico Javier Miranda de malversar as doações outorgadas por Itaipu e “pela dilapidação do patrimônio imobiliário da Diocese” e disse que todas as despesas foram realizadas “sem desvios a bolsos de particulares”.

O bispo qualificou Miranda de “agitador político pouco familiarizado com o rigor da verdade”.

A hidrelétrica entregou os US$ 300 mil ao episcopado de Livieres, em 2004, segundo disseram hoje à Agência Efe o porta-voz de imprensa da Diocese de Ciudad del Este, o padre David Sánchez, e um porta-voz de Itaipu, enquanto o teatro foi cedido no ano passado, segundo os registros.

A Área Financeira de Itaipu assegura que o valor total do imóvel e da edificação existente no lugar com uma superfície de 2.836 metros quadrados é de US$ 1,5 milhão.

Sánchez afirmou que o cardeal espanhol Santos Abril y Castelló, em companhia de Milton Luis Tróccoli Cebelio, bispo auxiliar de Montevidéu, chegaram ontem à noite ao bispado de Alto Paraná para realizar uma “visita apostólica” disposta pelo papa Francisco “a fim de oferecer uma assistência para o bem dessa igreja particular”.

Abril y Castelló, figura de confiança do Santo Padre, arcipreste da Basílica romana Santa Maria Maior e presidente da Comissão Cardenalícia de Vigilância do Instituto para as Obras de Religião (IOR), ofereceu nesta manhã uma missa na capela do bispado antes de falar sozinho com alguns sacerdotes.

Por sua vze, Cebelio se transferiu ao Seminário Maior San José, onde conversou com alguns dos seminaristas, segundo a fonte.

A visita ocorre depois do enfrentamento dos últimos meses entre o arcebispo de Assunção, Pastor Cuquejo, e Livieres, porque este último tem como “número dois” de sua diocese o sacerdote argentino Carlos Urrutigoyti, que foi acusado nos EUA de abusos sexuais.

Urrutigoyti, que trabalha em Ciudad del Este há nove anos e há dois é o segundo da diocese, foi acusado em 2002 por um estudante da Academia Saint Gregory na Pensilvânia (EUA) de ter oferecido “direção espiritual” dormindo com ele e mais tarde atacá-lo sexualmente junto ao reverendo Eric Ensey.

Essa denúncia foi seguida de pelo menos outras três acusações de compartilhar cama e aproximações sexuais com outras pessoas, que foram resolvidas com altas indenizações, segundo várias fontes.

Cuquejo sugeriu em junho reabrir uma investigação para averiguar se procedem as acusações de abuso contra Urrutigoity, ao quem Livieres respondeu chamando de “homossexual” em atos públicos e perante os meios de comunicação.

A Diocese de Ciudad del Este disse, em comunicado divulgado em 12 de junho, que seja realizada “qualquer investigação ou visita apostólica que se deseje”.

Após essas acusações nos Estados Unidos, o prelado argentino foi suspenso em 2002 e enviado ao Canadá para que o fizessem exames psicológicos no Instituto Southdown, especializado em tratar clérigos com problemas mentais.

Tanto a diocese de Scranton, na Pensilvânia, como antigos professores do seminário onde Urrutigoity estudou, recomendaram ao bispo de Ciudad del Este, ao núncio apostólico no Paraguai e ao núncio nos Estados Unidos que não o admitissem. EFE

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