Japão investe em aplicativos de tradução simultânea para Olimpíadas de 2020
María Roldán.
Tóquio, 5 abr (EFE).- Com o foco voltado para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e o conseguinte aumento de turistas estrangeiros, os desenvolvedores tecnológicos do Japão decidiram apostar em criar e melhorar seus aplicativos de tradução linguística simultânea.
O país asiático, que já sente os efeitos da escolha olímpica, recebeu o número recorde de 13,41 milhões de visitantes estrangeiros em 2014, um número que dá credibilidade ao objetivo do Executivo de aumentar a soma até 20 milhões para 2020.
A fim de facilitar a estadia dos visitantes e estimular os duvidosos em consequência da barreira linguística a viajar até o país asiático, organismos públicos e privados trabalham nessas tecnologias.
Os sistemas atuais de tradução em tempo real incluem aplicativos que podem ser instalados em smartphones, computadores e outros dispositivos conectados à internet, como o programa VoiceTra desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia de Informação e Comunicação (NICT).
O aplicativo, que pode ser baixado gratuitamente na internet, requer apenas que o usuário selecione o idioma ao qual quer traduzir, fale ao aparelho e espere que este traduza as palavras em formato de áudio ou através de mensagens de texto.
Essa tecnologia envia os vocábulos do interlocutor a um servidor que analisa a voz e seleciona a tradução mais exata dentre um conjunto de frases armazenadas em uma base de dados.
Quanto mais é utilizado, mais sofisticado se torna o aplicativo, pois aumenta gradualmente a quantidade de dados disponíveis no servidor, sempre com o consentimento prévio do usuário.
Este aplicativo é o resultado de mais de 30 anos de trabalho, originalmente empreendido pelo Instituto Internacional Japonês de Pesquisa de Telecomunicações Avançadas, e assumido em 2010 pelo NICT, dependente do Ministério do Interior e de Comunicações.
“A ideia de desenvolver um sistema de tradução sempre esteve aí, já que é um sonho que vem de longe. Principalmente para os japoneses, visando superar as barreiras do idioma que existem entre nós e a comunidade global”, explicou à Agência Efe um porta-voz da instituição.
Os avanços do armazenamento na nuvem permitiram que estes tipos de aplicativos encontrassem uma nova via de desenvolvimento.
Abrangendo atualmente 27 idiomas, entre eles o português, esse aplicativo nem sempre é gramaticalmente perfeito, mas consegue cobrir as necessidades básicas dos usuários.
“Depende do idioma, mas poderíamos dizer que é suficientemente preciso para tornar compreensível entre 70% e 90% do que se quer dizer”, garante o NICT, cujo próximo desafio é melhorar sua precisão e estender seus campos de aplicação.
As funções de tradução desenvolvidas pelo organismo são empregadas também no aplicativo de tradução multilíngue do Aeroporto Internacional de Narita, o NariTra, disponível em japonês, inglês, chinês, coreano, indonésio, tailandês, francês e espanhol.
O setor privado também decidiu apostar por este mercado. O principal operador móvel do Japão, NTT Docomo, desenvolveu seu próprio “app”, o Jspeak, que traduz em tempo real conversas telefônicas por meio de um sistema de reconhecimento de voz e sua própria base de dados.
Embora estes aplicativos possam parecer uma panaceia contra as barreiras linguísticas, os especialistas do NICT concordam que “devem ser usados como complemento e não como substitutos dos profissionais, já que a tradução automática só cobre uma pequena parte do que os seres humanos são capazes de fazer”.
Por isso, o governo japonês adotou uma série de projetos nos últimos meses que incluem a criação de um centro de chamadas multilíngue ou a formação de guias turísticos em vários idiomas para potencializar a experiência de Tóquio 2020. EFE
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