Japão mostrará “arrependimento” no 70° aniversário da 2ª Guerra Mundial
Tóquio, 5 jan (EFE).- O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira que o país voltará a “expressar arrependimento” por seus atos na Segunda Guerra Mundial, através de uma declaração que será publicada por ocasião do 70° aniversário do fim do conflito.
“Eu gostaria de escrever o arrependimento do Japão sobre a guerra, a história do pós-guerra como uma nação pacifista e sua contribuição na região Ásia-Pacífico e o mundo”, disse Abe em relação ao texto que será publicado em agosto, coincidindo com o aniversário.
As palavras do primeiro-ministro do Japão, conhecido por seu fervente nacionalismo, chegam após intensas especulações em torno de se o atual governo vai mudar a postura expressada em relação ao conflito em prévias declarações ao longo da história.
Por ocasião do 50º aniversário do fim da guerra, o primeiro-ministro Tomiichi Murayama disse em 15 de agosto de 1995 que o Japão causou “um dano e sofrimento tremendo” aos povos da Ásia e outros países através de seu domínio colonial e agressões, e expressou “um profundo remorso” e “sincera desculpa”.
Ao ser questionado, Abe assegurou hoje em entrevista coletiva que seu governo “herdará declarações emitidas por administrações passadas”, o que fundamenta a polêmica em torno da possibilidade do primeiro-ministro mudar o tom a fim de empreender uma revisão do papel do Japão no conflito.
Os analistas consideram que o documento que o governo japonês publicará o agosto próximo será analisado com detalhes por países como China e Coreia do Sul, e será chave na evolução de suas complicadas relações diplomáticas, marcadas pelos reproves históricos.
O gabinete de Abe aprovou em julho uma polêmica reinterpretação da Constituição pacifista japonesa redigida pelos Estados Unidos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial que poderia outorgar a seu Exército um papel mais ativo em nível internacional.
A medida, muito criticada por Seul e Pequim, procura que o Japão possa realizar o direito à defesa coletiva, o que permitiria participar de conflitos bélicos para apoiar seus aliados se estes forem atacados. EFE
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