Japão recriará fusão nuclear de Fukushima para entender melhor o desastre
Tóquio, 9 jan (EFE).- A Agência de Energia Atômica do Japão (JAEA) realizará um experimento para recriar em pequena escala a fusão sofrida pelos reatores da acidentada usina nuclear de Fukushima e assim melhorar a preparação perante um desastre similar.
A prova procura fornecer dados para compreender melhor o que aconteceu nas unidades afetadas, principalmente em relação a quando e como se fundiram as barras de combustível em seu interior, informou nesta quinta-feira o jornal “Yomuiri”.
“Os resultados nos ajudarão a prever melhor a efetividade que possam ter medidas de emergência como, por exemplo, realizar uma injeção de água dentro de um reator, para lidar com um acidente nuclear”, explicou um porta-voz do JAEA ao jornal.
O experimento será realizado no Reator de Investigação de Segurança Nuclear de Tokai, a cerca de 110 quilômetros de Tóquio.
No núcleo do mesmo será colocado, junto ao resto de combustível nuclear, uma barra de urânio de cerca de 30 centímetros dentro de uma cápsula de aço inoxidável, de modo que o líquido refrigerante não possa tocá-la.
Isto imitaria o ocorrido em Fukushima, onde o corte elétrico provocado pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 deixou inoperantes os sistemas de refrigeração dos reatores.
Uma vez que comece a operar o reator de Tokai, os nêutrons emitidos pelo combustível que rodeia a cápsula farão possível que a pequena barra em seu interior entre também em processo de fissão e se funda uma vez que sua temperatura alcance uns 2.000 graus centígrados.
Uma vez que esta barra esfrie e se solidifique, será estudada e armazenada posteriormente em uma piscina de combustível gasto.
Devido ao acidente em Fukushima, seus reatores 1, 2 e 3 sofreram fusões em seus núcleos, cada um dos quais continha em seu interior entre 25 mil e 35 mil barras como a do experimento, embora mais longas (de uns 4,5 metros).
Já que TEPCO foi incapaz de colher dados relativos à temperatura e ao nível de água dentro dos reatores por culpa do blecaute que sofreu a usina, os técnicos somente conseguiram estimar até agora que as barras começaram a se fundir entre 4 e 77 horas depois que do terremoto.
A JAEA afirmou que começará a fabricar a cápsula em abril, embora não detalhou em que data exata realizará a prova. EFE
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