Jaua afirma que Venezuela “não é um país de bárbaros”

  • Por Agencia EFE
  • 28/02/2014 13h03

Brasília, 28 fev (EFE).- O chanceler venezuelano, Elías Jaua, afirmou nesta sexta-feira em Brasília que a Venezuela “não é uma país de bárbaros” e que a maioria de sua população “deseja viver em paz”, apesar de haver “facções violentas” que pretendem semear o “caos” e “derrubar” o Governo de Nicolás Maduro.

Jaua chegou à capital brasileira procedente de Montevidéu, no marco da viagem que está fazendo pela América do Sul para apresentar a posição do Governo frente à crise que o país vive.

Em entrevista coletiva, Jaua explicou que foi recebido pelo chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, que reiterou o respaldo do Governo de Dilma Rousseff ao processo democrático venezuelano e mostrou sua condenação à violência suscitada nos protestos que ocorrem na Venezuela há mais de duas semanas.

Segundo Jaua, Figueiredo também foi “receptivo” quanto à proposta venezuelana de convocar uma cúpula extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para debater a crise em que o país está imerso.

Jaua indicou que formalizará essa proposta hoje mesmo no Suriname, que controla a Presidência rotativa da Unasul e para onde viajou após sua rápida visita a Brasília, que seguiu às realizadas nos últimos dois dias à Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

“A Unasul já demonstrou ser um mecanismo muito eficiente para a defesa da democracia”, afirmou Jaua, que citou a atuação desse organismo durante as crises políticas ocorridas nos últimos anos no Equador, Bolívia e Paraguai.

Como fez ao longo de seu tour, Jaua entregou a Figueiredo um relatório sobre “os antecedentes e as causas da agressão” que, segundo afirmou, nasceu de “facções violentas” da oposição vinculadas ao partido Vontade Popular e ao líder Leopoldo López, que foi detido na semana passada.

Segundo Jaua, tanto López como o Vontade Popular “têm uma história de agressões de longa data” e participaram de “ataques periódicos à democracia” venezuelana desde que em 1999 o falecido líder bolivariano Hugo Chávez chegou ao poder.

“Agora escolheram outra vez o caminho da violência”, mas contra o Governo de Nicolás Maduro, que “tem somente dez meses no poder” e cujo movimento ganhou em 75% das Prefeituras do país nas eleições de dezembro.

O chanceler afirmou que “essas facções neofascista e violentas se equivocam”, porque “a Venezuela não é um país de bárbaros”, mas “uma nação democrática e pacífica”, o que “se comprova” com o fato de que “as grandes maiorias não caíram na provocação”.

Jaua reiterou suas críticas aos Estados Unidos, cujo Governo acusou de ter “condenado a priori” a Venezuela pelos fatos dos últimos dias e se negou a reconhecer que o presidente Maduro se limitou a “cumprir com seu dever de preservar a lei e a ordem”.

O chanceler também insinuou que os Estados Unidos poderiam estar “por trás de um coro inédito de artistas” que condenou o Governo venezuelano no marco da onda de protestos, que já causou pelo menos 15 mortes e deixou cerca de 150 pessoas feridas.

“Muitos desses artistas talvez nem saibam onde fica a Venezuela”, assegurou Jaua, que desafiou a imprensa a averiguar “quem provoca as estrelas de Hollywood” para opinar sobre o que acontece em seu país.

Jaua também criticou o que considerou como “dois pesos e duas medidas” de muitos meios de comunicação, e citou nesse sentido a “repressão brutal” que então sofreram os ativistas do movimento Occupy Wall Street em Nova York.

“Naquele momento, houve um enorme silêncio midiático, mas agora todos criticam o que acontece na Venezuela”, afirmou.

Nesse marco, Jaua disse que “muitos países recomendam o diálogo”, mas não reconhecem que o Governo de Maduro tenta propiciá-lo, apesar dos “violentos da oposição” se negarem a participar.

O chanceler citou como exemplo a Conferência de Paz convocada por Maduro na quarta-feira passada, que contou com a participação de “empresários, representantes de todas as igrejas e os donos dos meios de comunicação”, entre muitos outros.

“Mas a Mesa da Unidade Democrática (MUD) não esteve”, partido no qual se congrega ao grosso da oposição venezuelana, indicou.

Segundo o chanceler, alguns líderes da MUD não participaram porque respaldam a “linha violenta imposta por uma minoria”, mas outros se ausentaram “por temor ao linchamento que pudessem sofrer” por parte desses grupos se aceitassem dialogar com o Governo. EFE

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