Jejum contribui para regeneração celular e fortalece sistema de imunidade
Washington, 5 jun (EFE).- O jejum periódico por dois ou três dias contribui para a regeneração de células-tronco no sangue e a restauração do sistema de imunidade, combatendo os efeitos da quimioterapia e do envelhecimento, segundo um artigo que publica nesta quinta-feira a revista “Cell Stem Cell”.
O estudo foi liderado pelo italiano Valter Longo, professor de gerontologia e ciências biológicas na Universidade do Sul da Califórnia, que assinalou que “quando alguém jejua, o sistema tenta economizar energia”.
“E uma das coisas que pode fazer para economizar energia é reciclar muitas das células de imunidade que não necessita, especialmente as que possam estar prejudicadas”, acrescentou.
A quimioterapia administrada aos pacientes com câncer pode salvar-lhes a vida, mas também causa muitos efeitos secundários, incluindo a diminuição das células do sistema de imunidade.
Calcula-se que mais de 20% das mortes relacionadas ao câncer se aceleram, ou inclusive são causadas, pelos efeitos tóxicos da quimioterapia, mais que pelo câncer mesmo.
Por isso os médicos limitam as doses e frequência do tratamento químico aos níveis que são tolerados pelos pacientes, mas isso reduz a eficácia geral dos tratamentos contra o câncer.
Mas ainda à revelia da quimioterapia o envelhecimento normal empobrece o sistema imunológico e leva a deficiências com um risco mais alto de desenvolvimento de leucemia e uma variedade de doenças.
Atualmente não há intervenções médicas que combatam os efeitos secundários que a quimioterapia tem sobre o sistema imunológico ou que previnam a disfunção celular no sistema de imunidade que acompanha o envelhecimento.
Os estudos anteriores de Longo e seus colegas tinham mostrado que uma restrição temporária da nutrição podia aumentar a resistência das células-tronco a certos fatores de estresse. O trabalho mais recente buscou comprovar se o jejum podia proteger as células do sistema imunológico.
Tanto nos ratos de laboratório como na primeira fase da prova clínica com humanos, os períodos de jejum diminuíram significativamente o número de células brancas no sangue.
Os jejuns feitos consistiram em períodos de dois a quatro dias, no curso de seis meses.
“O que começamos a notar, tanto nos animais como nos humanos, foi que caía a contagem de células brancas durante o jejum prolongado”, explicou Longo. “Depois, quando se volta a comer, as células do sangue se recuperam”.
O jejum prolongado força o organismo a consumir suas reservas de glicose, gordura e cetonas, mas também decompõe uma porção significativa de células brancas no sangue, um processo que Longo compara com tirar do avião o excesso de carga.
O jejum prolongado, além disso, reduz a enzima PKA que, segundo Longo, é “o gene-chave que deve ser apagado para que as células-tronco passem para a modalidade regenerativa”. EFE
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