Joan Clos cita Brasil como exemplo de bem-estar social na América Latina

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2014 14h45
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Albert Traver.

Medellín (Colômbia), 8 abr (EFE).- O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Joan Clos, defendeu a geração de sistemas de solidariedade na América Latina que se transformem em um “modelo de bem-estar social” próprio, e citou o Brasil como um exemplo nessa categoria.

Em entrevista à Agência Efe, o responsável e diretor do VII Fórum Urbano Mundial, realizado em Medellín, reivindicou que esse pacto social inclua subsídios “aos desempregados”, “educação de qualidade e gratuita” universal, assim como “sistemas de saúde generalizados”.

Clos, que foi prefeito de Barcelona entre 1997 e 2006, destacou que o caminho para alcançar esse modelo foi traçado por políticas implantadas no Brasil que provocaram redução da desigualdade e geraram um nível aceitável de bem-estar social.

A ausência de bem-estar é um dos “temas mais preocupantes” no continente, argumentou Clos, por causa do Fórum Urbano Mundial, que nesta ocasião estudará propostas para vencer a crescente desigualdade nas cidades e encontrar soluções para o problema da urbanização em massa sem planejamento.

“As funções que o Estado tomou como suas na Europa no século XX, incluindo moradia acessível, são alguns dos grandes desafios e compromissos que a América Latina tem em seu processo de urbanização”, acrescentou.

Por isso, o diretor-executivo do ONU-Habitat pediu envolvimento dos governos nacionais no desenvolvimento das cidades, que concentram mais de 80% da população latino-americana, contra 20% de áreas rurais.

“O problema urbano não pode ser resolvido apenas pelos prefeitos”, ressaltou.

Para Clos, a América Latina deve seguir o caminho da Europa em sua “primeira conquista de um certo nível de estado de bem-estar”, mas também pode aprender com seus casos de “excessos e crise” para evitá-los.

Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, com cerca de 2,5 milhões de habitantes, foi escolhida sede do VII Fórum Urbano Mundial em reconhecimento a sua “coragem para lutar contra o narcotráfico, o conflito armado e a desigualdade”, disse Clos.

“A desigualdade não é só um problema de Medellín, trata-se de um fenômeno que aumenta em todo o planeta por causa da extensão de riquezas geradas pela globalização e o modelo de produção predominante”, advertiu.

Segundo o ex-prefeito de Barcelona, quando se “abandona o esforço de planejamento”, um processo no qual o setor público tem toda a responsabilidade, “se deixa que as cidades cresçam espontaneamente”, um caos urbano que “é visto em muitos lugares do mundo”.

“No tecido urbano isso gera conflito, tensão e problemas de convivência”, acrescentou.

Segundo projeções do ONU-Habitat, o processo de urbanização nos próximos 30 ou 40 anos vai se intensificar ainda mais, e a população nas cidades em todo o planeta chegará a 7 bilhões de pessoas – quase o dobro do número atual.

“Isso pode ser um grande compromisso ou um grande desastre”, frisou Clos, ao fazer um apelo para que não sejam repetidos os erros dos últimos 25 anos, quando houve um crescimento urbano desmesurado e sem planejamento.

Medellín sediará durante toda a semana o VII Fórum Urbano Mundial, que reúne prefeitos de grandes cidades como São Paulo, Barcelona, Santiago do Chile e Johanesburgo, além de personalidades como Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia. EFE

at/id

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