Jokowi: um candidato atípico com apoio do povo

  • Por Agencia EFE
  • 06/07/2014 13h17

Jacarta, 6 jul (EFE).- O popular governador de Jacarta, Joko Widodo, é o favorito para ser o próximo presidente da Indonésia e chegar ao ápice de uma fulgurante carreira política iniciada há nove anos na prefeitura de Surakarta.

Apelidado por seus seguidores de o “Obama da Indonésia”, Widodo, de 52 anos e nascido em Surakarta (Java Central), devolveu ao eleitorado indonésio a esperança de que um líder poderoso pode ser honesto e eficiente. Livre de suspeitas de corrupção, este apaixonado seguidor do estilo de música heavy metal, sem um passado político vinculado com o anterior regime autoritário de Suharto, lavrou sua popularidade graças a seu estilo próximo às pessoas.

A imprensa amenizou o tom de críticas a sua campanha quando Megawati Sukarnoputri, a presidente do Partido Democrático da Indonésia-Luta (PDI-P), renunciou às suas próprias aspirações de retornar à presidência para abrir espaço para Jokowi, melhor cotado nas pesquisas.

Como governador de Jacarta, sua forma de fazer política se baseou em visitas aos bairros para falar diretamente com os moradores e em sua batalha contra a falta de eficiência de seus subordinados, aos quais também visita de surpresa para criticar e corrigir.

Esta técnica, apelidada de “blusukan” (visita espontânea, em javanês), se transformou em sua marca registrada, e ele não hesitou em fazer dela um slogan eleitoral, amplificado por outros governadores e prefeitos que tentam imitá-lo com maior ou menor sucesso.

Sua campanha, no entanto, não transmitiu o otimismo inicialmente projetado pelas pesquisas antes das eleições legislativas de abril, nas quais o PDI-P não alcançou 25% de votos necessários para nomear um candidato presidencial sem formar uma coalizão. Widodo promove uma candidatura à presidência com menos alianças que seu rival Prabowo Subianto, possivelmente por sua inflexibilidade a conceder cargos ministeriais em troca de apoios e sua intenção de romper os laços oligárquicos.

Em um recente artigo, ele pediu votos para restaurar a Indonésia e deixar para trás as formas da Nova Ordem, o período de quase três décadas marcado por nepotismo e corrupção liderado por Suharto, o líder mais corrupto da história, segundo a ONG Transparência Internacional.

Widodo, de família de classe média, não estudou no exterior, mas conta com uma carreira em engenharia florestal e os dotes carpinteiros herdados de seu pai, que o aproveitou como comerciante de móveis até dar o salto à política em 2005.

Sua experiência internacional se reduz a poucas viagens de negócios à Europa, que, segundo diz, inspiraram para suas iniciativas urbanísticas em Surakarta e Jacarta. Essa falta de vivência fora de seu país fez com que ele fosse questionado como nome ideal para liderar a maior economia do Sudeste Asiático.

Esta é uma das razões que o levaram a nomear Jusuf Kalla, um velho rosto da política nacional, como candidato à vice-presidência, um cargo que já ocupou entre 2004 e 2009. Membro da elite e aos 72 anos, ele fornece solidez à candidatura de Widodo.

Ao contrário de seu rival Prabowo, Widodo não vê o progresso da Indonésia como uma missão para seus líderes, mas como um projeto comum baseado em “gotong royong” ou “cooperação comum”. Segundo Widodo, esse futuro deve ser conseguido, entre outros fatores, revitalizando os mercados e o comércio tradicional, e oferecendo mais e melhores oportunidades de formação aos jovens. EFE

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