Julgamento pelo massacre de Curuguaty é adiado pela sétima vez

  • Por Agencia EFE
  • 25/09/2015 16h21

Assunção, 25 set (EFE).- O tribunal a cargo do julgamento pelo massacre de Curuguaty no Paraguai, que em 2012 provocou a morte de 17 pessoas e a destituição do então presidente, Fernando Lugo, resolveu adiar pela sétima vez o processo após a apresentação de um novo advogado defensor.

Durante a audiência pelo massacre em Curuguaty, que começou na manhã desta sexta-feira no Palácio de Justiça de Assunção, uma das acusadas, Fanny Olmedo Paredes, solicitou a renúncia da defesa do advogado Víctor Azuaga e designou em sua substituição Bernardo Insaurralde.

Insaurralde pediu depois “um tempo prudencial” para estudar a causa, razão pela qual solicitou o adiamento do julgamento.

O tribunal aceitou a solicitação, outorgando três dias úteis ao advogado e fixando o reatamento do julgamento para 1 de outubro, disse à Agência Efe Pablo Aguayo, defensor de uma das acusadas.

Além disso, o defensor Joaquín Díaz solicitou separar da causa Felipe Nery Urbina pela piora de sua “saúde” nestes dois meses em que tenta realizar o julgamento oral.

“A saúde do acusado está acima de tudo, e além disso o fato punível pelo qual é acusado é de menor gravidade”, garantiu Albino Ramírez, outro dos defensores.

O promotor Khalil Rachid pediu ao tribunal que rejeitasse a solicitação de separar Nery, e reivindicou uma sentença de um médico legista que certifique sua “impossibilidade” de continuar com o julgamento, um pedido que provocou vaias entre o público assistente, mas que acabou sendo aceito pelo tribunal.

A defesa solicitou, além disso, a presença de dois intérpretes de língua guarani, idioma materno dos acusados.

No entanto, o tribunal se manteve firme com a atribução de um perito para exercer esse trabalho, o que os defensores consideraram como “uma imposição”.

O massacre de Curuguaty, que deixou 11 agricultores e 6 policiais mortos, ocorreu durante um violento despejo nessas terras em 15 de junho de 2012, ocupadas pelos camponeses da zona para solicitar que fizesem parte da reforma agrária.

O terreno conhecido como Marina Kué, onde aconteceu o massacre, tem cerca de 2 mil hectares de terras em litígio há uma década entre o Estado e a família do falecido Blas Riquelme, um histórico dirigente do governante Partido Colorado durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).

O fato desembocou uma semana depois em um julgamento político ao então presidente, Fernando Lugo, no parlamento, no qual foi destituído por mau desempenho de suas funções.

Enquanto isso, os camponeses enfrentam diversas acusações dentro do processo judicial, a Promotoria não acusou ninguém pela morte dos 11 camponeses durante o tiroteio. EFE

mrs/ff

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