Justiça argentina absolve ex-ministro no caso da renegociação da dívida
Buenos Aires, 6 out (EFE).- A Justiça da Argentina absolveu nesta segunda-feira o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo das acusações por supostas negociações incompatíveis com a função pública no julgamento sobre a reestruturação da dívida antes da crise econômica de 2001.
Um tribunal federal de Buenos Aires – integrado pelos juízes Néstor Costabel, Enrique Pose e Patricia Malho – absolveu Cavallo no caso que investiga se o país foi prejudicado após as operações de troca de títulos da dívida pública ocorridas em 1997, 1998, 2000 e 2001.
“Estou muito satisfeito. A Justiça se pronunciou”, disse o ex-ministro à imprensa após conhecer o resultado da sentença.
A promotoria tinha solicitado uma condenação de três anos de prisão pela responsabilidade do ex-ministro na seleção das instituições financeiras encarregadas da colocação do bônus da dívida, segundo informou o Centro de Informação do Poder Judiciário (CIJ) argentino.
“Fui bode expiatório, tinha que ser o responsável da terrível crise que sofreu o país”, se defendeu hoje Cavallo em sua declaração no tribunal, prévia à absolvição.
“Venho sofrendo ataques injustificados da Justiça. Façam justiça e assim evitarão que nenhum dirigente político acuda à judicialização no futuro”, acrescentou.
Cavallo era o único acusado neste caso, depois que a Câmara Federal da Argentina retirou as queixas contra o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos David Mulford, o ex-assessor de Economia da Argentina Horcio Liendo e o ex-secretário de Política Econômica Federico Sturzenegger.
Para a promotoria, Cavallo tinha favorecido um consórcio de bancos com adjudicação da renegociação da dívida, operação financeira conduzida em junho de 2001 pelo governo Fernando de la Rúa com a intenção de adiar o pagamento de diversos vencimentos de compromissos internacionais até 2005.
O custo desse atraso no pagamento foi de 15% de juros ao ano. Nenhum dos objetivos da operação foi alcançado e a dívida externa argentina cresceu US$ 55 bilhões, beneficiando um grupo de bancos estrangeiros. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.