Justiça chilena condena 76 ex-agentes por sequestro durante ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 15/09/2015 12h19

Santiago do Chile, 15 set (EFE).- Um juiz chileno condenou 76 ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet pelo sequestro qualificado (desaparecimento) de Zacarías Machuca Muñoz, uma das 119 vítimas da chamada “Operação Colombo”, informou a justiça nesta terça-feira.

Entre os condenados está o coronel Marcelo Morem Brito, que morreu na sexta-feira, aos 80 anos, e que até antes desta sentença estava condenado a 396 anos de prisão em dezenas de julgamentos por violações dos direitos humanos.

Brito, que foi chefe do centro de torturas e extermínio conhecido como “Vila Grimaldi” e que segundo testemunhos de sobreviventes torturou pessoalmente e assassinou um sobrinho (Alan Bruce), foi condenado a 13 anos de prisão pelo caso de Zacarías Machuca.

À mesma pena, como autores do crime, foram condenados também os generais Raúl Iturriaga Neumann e César Manríquez Bravo e os brigadeiros Pedro Espinoza Bravo e Miguel Krassnoff Martchenko, todos membros da cúpula da Dina, a polícia secreta de Augusto Pinochet.

Outros 39 antigos agentes foram condenados a dez anos de prisão, também como autores do crime e 32 mais a quatro anos considerados cúmplices, enquanto outros quatro foram absolvidos.

A “Operação Colombo” foi realizada em 1975 pela ditadura para encobrir o desaparecimento de 119 prisioneiros políticos, a maioria membros do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), grupo que pegou em armas durante a ditadura.

A operação contou com a colaboração das ditaduras de Argentina e Brasil através da circulação da revista “Lea” no primeiro país e “Ou Novo dia” no segundo, onde foram publicados os nomes das vítimas com a afirmação de que tinham morrido em expurgos internos do MIR.

“Exterminados como ratos”, bradou a imprensa chilena à época sobre as vítimas, a maioria detida no ano anterior.

Zacarías Machuca, um jovem topógrafo de 22 anos, empregado da então estatal Empresa Nacional de Eletricidade (Endesa), foi detido por agentes da Dina em 29 de julho de 1974 em sua casa no bairro de Quinta Normal, em Santiago.

Segundo testemunhos de sobreviventes, Machuca foi levado a um centro de torturas da rua Londres, em pleno centro de Santiago, onde foi torturado até um dia indeterminado de agosto, quando não se soube mais dele.

No aspecto civil, o juiz condenou o Estado do Chile a pagar uma indenização de cinquenta milhões de pesos (US$ 72 mil) a cada um dos três irmãos da vítima. EFE

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