Justiça e polícia querem retirar todas as armas de fóruns de SP em dois meses
Dois mega-assaltos a fóruns paulistas apenas neste mês de junho levantaram a questão do armazenamento de armas de fogo em tribunais.
Uma quadrilha invadiu o fórum de Diadema, no ABC, na noite deste último sábado (17) e roubou quase 391 armas (294 revólveres, 87 pistolas, três submetralhadoras, um fuzil, uma carabina, além de rádios e coletes balísticos). Elas eram fruto de apreensões em operações policiais e ficavam guardadas em um cofre que foi aberto pelos criminosos. A polícia ainda investiga câmeras de segurança próximas ao local.
No início do mês, em caso semelhante, bandidos levaram 175 armas do Fórum do Guarujá, no litoral paulista.
Em reunião extraordinária no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) nesta segunda-feira (19), o presidente do TJ Paulo Dimas e o secretário de Segurança Pública do Estado, Mágino Alves, se encontraram com a corregedoria do tribunal e representantes da Polícia Militar, Civil e do Exército.
As autoridades prometeram um esforço conjunto para a rápida retirada do armamento apreendido pela Justiça dos fóruns. O repórter Anderson Costa conversou com Dimas e Mágino e a Jovem Pan Online elencou as principais promessas. Eles afirmam que as armas devem ser retiradas em até dois meses e encaminhadas à polícia.
“Os nossos fóruns não têm estrutura de segurança adequada para receber armamentos e guardá-los lá por longo período”, reconhece Paulo Dimas.
Maior agilidade em retirada de armas
Dimas quer “estabelecer uma logística para fazer com maior agilidade essa retirada de armas dos fóruns”, mas reconhece que “a logística não é simples”. São 319 comarcas no estado de São Paulo. Primeiro, deve-se “determinar se a arma não tem mais interesse para o processo (judicial)” e depois separar as que são interessantes para a polícia e efetuar a entrega.
O presidente do TJ lembra que o “Exército por um período não pôde fazer a destruição por deficiência do equipamento”. “Não podemos de uma hora para outra esvaziar todos os espaços. Tem que haver uma logística e atendimento às prescrições da própria lei e protocolos”, ressalta.
Dimas não revela quantas armas ainda estão armazenadas em tribunais, “por questão de segurança”, mas garante que “muitos locais já estão sem armas para retirar”, inclusive no fórum de Santos.
“Estamos trabalhando para que em um mês, dois meses, esse trabalho seja concluído em todo o Estado”, afirmou Paulo Dimas, presidente do Tribunal de Justiça.
O secretário Mágino Alves, responsável pela Polícia Militar, considera o prazo “razoável”. “Com a vontade de todos os agentes interessados em resolver essa questão, acredito que dois meses é um prazo suficiente para que tenhamos esse problema solucionado. Mas repito, acho que no curtíssimo espaço de tempo já teremos boas notícias para dar em relação ao armazenamento de armas nos fóruns”, prometeu.
Direto para a destruição
Paulo Dimas disse ainda que trabalha em um “protocolo com secretarias de segurança e com o Exército (…) para que, a partir do periciamento feito no Instituto de Criminalística, as armas não retornem aos fóruns, mas sejam encaminhadas desde logo para a destruição, salvo se houver interesse excepcional do processo em andamento”.
Inutilização prévia
O secretário Mágino Alves disse ainda: “vamos iniciar com autorização do Exército e (autorização) judicial um processo de inutilização prévia das armas”.
Sem especificar detalhes de como os armamentos seriam inutilizados antes de serem destruídos, Mágino disse acreditar que a medida faria “perder o interesse dos bandidos que invadiram os fóruns”
Maior repasse às polícias e ao Exército
“Protocolo recente determina que armas de grande potencial que possam ser aproveitadas pelas forças de segurança sejam entregues ao governo e à Secretaria de Segurança para aproveitamento da Polícia Civil e Militar”, explica Paulo Dimas.
“Toda arma em bom estado será entregue a uma das polícias”, garante Mágino. “Agora as entregas (de armas) serão feitas rotineiramente para cada uma das polícias”, diz o secretário da SSP.
Além disso, Dimas disse que discutiu, na reunião, a logística com coronéis do Exército para que a corporação, responsável por destruir os objetos apreendidos, “receba mais armas que o regramento inicial”.
“Estamos trabalhando para que esse limite seja ampliado e que eles possam receber um número maior de armas por semana”, disse o presidente do TJ.
Reforçar a segurança com tecnologia
O Tribunal de Justiça quer ainda um maior “entendimento com a Secretaria de Segurança Pública e com a PM de reforçar o policiamento externo” dos fóruns onde as armas se encontram atualmente.
Dimas acredita que “não adianta pôr 10, 20 seguranças terceirizados (dentro dos fóruns), que não vão resolver o problema”. Neste sábado, em Diadema, os funcionários foram amarrados e trancados em uma sala e só conseguiram se libertar após os criminosos deixarem o fórum.
“Estamos fazendo no tribunal um trabalho de segurança tecnológico”, disse. Dimas quer implementar “sistemas de segurança, alarmes para acionar a polícia e os seguranças do prédio”.
“Precisamos fazer uma revolução na área de segurança com tecnologia. Não adianta simplesmente aumentar o efetivo de homens até porque, às vezes, as informações são repassadas pelas pessoas que são incumbidas da vigilância humana dos nossos prédios”, sugeriu o presidente do Tribunal.
Além disso, vigilantes particulares não teriam “armamento pesado” o suficiente para evitar a entrada dos criminosos.
Ouça as entrevistas completas AQUI.
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