Justiça francesa autoriza entrega de Mehdi Nemmouche à Bélgica

  • Por Agencia EFE
  • 26/06/2014 07h51

Paris, 26 jun (EFE).- A sala de acusação do Tribunal de Apelação de Versalhes aprovou nesta quinta-feira o mandato de detenção e entrega emitido pelas autoridades belgas contra o principal suspeito do recente massacre no Museu Judeu de Bruxelas, Mehdi Nemmouche.

Nemmouche, franco-argelino de 29 anos, foi detido em 30 de maio na cidade francesa de Marselha e é considerado o suposto autor do tiroteio de 24 de maio na capital belga, no qual morreram quatro pessoas.

Em 12 de junho, o jovem disse que não se oporia a uma eventual entrega às autoridades belgas sob a condição de que Bélgica garantisse que ele não ia ser extraditado a um terceiro país, em referência a Israel, de onde eram duas das vítimas.

A terceira vítima era uma mulher francesa, enquanto a quarta, que ficou gravemente ferida e morreu uma semana depois do ataque, era belga.

O advogado do suspeito, Apolin Pepiezep, revelou hoje que Nemmouche não recebeu as garantias necessárias para não ser extraditado a um terceiro país e que, portanto, não está satisfeito com a sentença.

“Ele tem o direito de recorrer e pensa em fazer isso”, indicou o advogado, que diz que seu cliente está “tranquilo” e convencido que pode ser julgado na França.

Quando o Tribunal notificar a defesa sobre a decisão judicial, esta disporá de três dias para recorrer da sentença, e após isso a Corte Suprema poderia se pronunciar nos seguintes 40 dias.

Delinquente reincidente, Nemmouche estava fichado há anos pelos serviços secretos franceses porque em suas sucessivas vezes na prisão tinha sido constatada sua radicalização religiosa.

De fato, a última vez que saiu da prisão, em 4 de dezembro de 2012, quem foi buscá-lo no centro penitenciário de Tolano (sudeste da França) foi um conhecido responsável de uma associação fundamentalista.

Apenas dias depois, na noite de ano novo de 2012, Nemmouche saiu da França em direção à Síria, onde acredita-se que esteve envolvido durante mais de um ano em grupos jihadistas que combatem o regime de Bashar al Assad, concretamente no Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

Entre os pertences que levava no momento de sua última detenção, os agentes de alfândegas acharam um fuzil kalashnikov, um revólver, numerosa munição, uma pequena câmera de tipo GoPro e um boné e roupa parecidas as que usava o responsável do atentado em Bruxelas.

Também foi descoberta uma câmera de fotos com um arquivo de vídeo no qual, em 40 segundos de duração, seu autor, de quem só é possível escutar a voz, parecida com a do suspeito, diz gravar esse filme porque a câmera que usava durante os fatos não funcionou. EFE

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