Justiça francesa busca 306 jihadistas que estão ou estiveram na Síria
Paris, 12 mai (EFE).- A Justiça francesa busca 306 suspeitos de planejarem terrorismo que estão ou estiveram na Síria após integrarem grupos jihadistas, disse o promotor que coordena o combate antiterrorista.
Em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal “Le Figaro”, o promotor de Paris, François Molins, ressaltou que “não há nenhuma razão para ser otimista” porque “a ameaça (terrorista) nunca foi tão forte”, e insistiu que há 118 processos judiciais abertos por jihadismo na Síria, com 169 pessoas acusadas, 106 delas em prisão provisória.
Os 306 procurados estão classificados em três grupos. O primeiro, segundo Molins, é o dos mais complicados, que estão convictos no combate e que devem ter “a resposta mais repressiva possível”.
O segundo é composto pelos que dizem ter se separado do jihadismo, com os quais é preciso ter cuidado porque, com base em depoimentos e mensagens interceptadas, “frequentemente há uma grande diferença entre os que dizem e os que continuam escrevendo e pensando”.
O terceiro grupo é caracterizado pelo “perfil do desequilibrado psiquiátrico ou psicológico, que pode ter atitudes abomináveis e que deve ser punido e tratado ao mesmo tempo”, explicou.
O representante do Ministério Público lembrou que nos casos de terrorismo islâmico foram identificados 480 indivíduos, sendo que, de acordo com os serviços secretos, há 1.636 pessoas nas redes de recrutamento e envio de jihadistas à Síria e que o número de procedimentos desde o fim de 2013 “disparou em 180%”.
Molins revelou que “segundo todas as hipóteses trabalhadas”, o terrorista Amedy Coulibaly, que cometeu um atentado em janeiro em um mercado judeu em Paris, onde foi morto, havia “recebido instruções do exterior”.
O promotor comparou o caso com o do argelino Sid Ahmed Ghlam, preso em Paris no dia 19 de abril após matar uma mulher e supostamente preparar um atentado contra uma ou duas igrejas.
O promotor explicou que o esquema desses jihadistas é se beneficiar de cumplicidades exteriores, ajuda logística e receber instruções por mensagens eletrônicas. Sobre as pessoas monitoradas pelos serviços secretos, que segundo os últimos dados são 1.636, Molins reconheceu que levando em conta a evolução, não há recursos para acompanhar três mil, o que significa que “não há risco zero”.
Por isso, a meta é fazer um filtro entre os que “precisam ser seguidos e os que precisam menos”, uma questão “difícil” porque é necessário levar em conta os que dão “sinais frágeis” de envolvimento, e nesse contexto é “essencial” melhorar a interação entre os serviços secretos de outros países.
Molins ressaltou que a cooperação penal internacional “pode ser tanto a chave para o sucesso como a explicação do fracasso”, e contou que isso depende das relações pessoais que permitem resolver assuntos, “como ocorreu com os irmãos Kouachi (responsáveis pelo massacre da revista parisiense “Charlie Hebdo” em janeiro) e Coulibaly com Bélgica, Estados Unidos e Espanha”. EFE
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