Karadzic mantém alegação de “total inocência” em depoimento final no TPII
Haia, 1 out (EFE).- O ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic, que está sendo julgado no Tribunal Penal para a Antígua Iugoslávia (TPII), manteve nesta quarta-feira a alegação de “total inocência” em relação aos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a guerra da Bósnia dos quais é acusado.
Karadzic, que defende a si mesmo no processo, reiterou sua “total inocência” e afirmou que a procuradoria da TPII “exagera nas conclusões sem levar em conta a decisão dos sérvios”.
“Todos os sérvios são acusados neste julgamento”, afirmou durante depoimento no TPII, que esta semana escuta as alegações finais da promotoria e da defesa no caso contra o ex-líder servo-bósnio por seu envolvimento no conflito da Bósnia (1992-1995), que deixou cem mil mortos e 2,2 milhões de deslocados, segundo dados da ONU.
A procuradoria do TPII tornou público na sexta-feira um documento que afirmava que a prisão perpétua “seria a única sentença apropriada” para o ex-líder servo-bósnio.
Karadzic, de 69 anos, enfrenta 11 acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio cometidos durante a guerra da Bósnia, como o massacre de Srebrenica (quando morreram oito mil homens muçulmanos) e o ataque a Sarajevo, que deixou 12 mil mortos.
Ele acusou a promotoria de “não respeitar a decisão dos sérvios, de acadêmicos, escritores, doutores que decidiram que meu partido era a melhor opção e escolheram que meu partido os representasse”.
Para ele, “as afirmações e conclusões da procuradoria são na realidade invenções, supostas verdades em vez de provas e evidências reais porque não têm nenhum tipo de provas para basear o julgamento”.
No documento de mais de 700 páginas da procuradoria foram ressaltadas as contradições que Karadzic tinha incorrido durante o processo e assinalados fatos já comprovados.
Além disso, Karadzic acusou o promotor Alan Tieger de, diante da ausência de provas contra ele, “se centrar em macular minha reputação qualificando-me de mentiroso e de monstro”.
“Eu sei a verdade e a procuradoria sabe a verdade”, afirmou Karadzic no alto tribunal, enquanto continuava a acusar a procuradoria de “esquecer dados e mal-interpretar minhas palavras”.
“Meus esforços foram centrados em evitar a guerra e diminuir os sofrimentos durante o conflito, e não em realizar uma limpeza étnica segundo as conclusões da acusação”, disse.
Ele manteve sua versão de não saber o que se passou em Srebrenica, além de assinalar que “não existiu um exército secreto dirigido a eliminar as comunidades bósnia e croata”.
A última audiência deste caso acontece no próximo dia 7, quando procuradoria e defesa se pronunciarão pela última vez, antes de os juízes do TPII se retirarem para decidir o veredicto e uma sentença, que pode demorar meses a ser divulgada.
Karadzic foi capturado em 21 de julho de 2008 perto de Belgrado, 12 anos depois de o TPII ordenar sua detenção, e poucos dias depois foi transferido para Haia. EFE
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