Kerry afirma que Rússia e Irã podem ajudar com saída de al Assad na Síria

  • Por Agencia EFE
  • 19/09/2015 14h19

Almudena Domenech.

Londres, 19 set (EFE).- O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou neste sábado que Rússia e Irã podem colaborar para que o líder do regime sírio, Bashar al Assad, se retire do governo e haja assim mais garantias de uma transição política no país.

Kerry fez esta declaração após se reunir em Londres com o ministro de Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, para conversar sobre a guerra na Síria que, para ele “já durou demais e gerou uma catástrofe humanitária”.

Hammond destacou que os Estados Unidos e o Reino Unido estão “completamente alinhados” na necessidade de que Assad saia do poder, mas o tempo e a forma como isto acontecerá precisa ser discutido.

Kerry já havia dito que a saída de Al-Assad não tem por que acontecer “no dia um ou mês um, já que é um processo em que todas as partes têm que se reunir para alcançar um entendimento sobre a melhor maneira”.

Ele se comprometeu a apoiar a Europa para tentar atenuar os efeitos da crise dos refugiados, mas insistiu que é um problema que precisa ser solucionado “desde a raiz”.

“Estamos comprometidos a tentar fazer mais e estamos vendo como fazê-lo”, ratificou Kerry, que lembrou que os EUA forneceu US$ 4,1 bilhões para ajudar os refugiados.

Kerry disse que “as nações devem trabalhar juntas” para solucionar a guerra da Síria, que começou em 2011.

Para o secretário de Estado americano a Rússia parece estar agora mais comprometida na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), por isso pode ser o “momento” de chegar a um acordo político. “É o momento para que a diplomacia tome as rédeas”.

No entanto, o ministro britânico destacou que a crise na Síria está se “complicando muito” pela participação da Rússia, que apoia Assad.

“Acredito que temos que discutir isto como parte de um problema maior: as pressões migratórias, a crise humanitária na Síria e a necessidade de derrotar” o Estado Islâmico, ponderou.

O ministro comentou que a possibilidade de o parlamento britânico aprovar uma intervenção militar na Síria está em “constante revisão”, mas confessou que o governo tem reservas sobre a participação da Rússia, que é um aliado-chave do Executivo sírio.

Em 2013, o governo britânico foi derrotado em uma votação na Câmara dos Comuns sobre uma ação militar do Reino Unido na Síria, mas o Executivo já tem várias propostas parlamentares para realizar ataques aéreos contra os jihadistas.

Quanto à guerra do Iêmen, Kerry avaliou que deve passar por uma solução dialogada e especificou que “as partes em conflito têm que negociar”.

Com relação à Líbia, ressaltou que está vivendo um “momento crítico porque há um vazio de poder” que o EI está aproveitando para ganhar posições.

“O Congresso dos Estados Unidos deveria voltar a esta questão”, reconheceu Kerry, quem ressaltou que não se pode deixar “seis milhões de líbios” nesta situação.

Kerry também se referiu ao conflito da Ucrânia, onde considerou “absolutamente essencial” que todas as partes se sentem para negociar e que os rebeldes abandonem qualquer ideia de “total independência”.

O secretário de Estado americano antecipou que todos estes assuntos continuarão sendo discutidos em Nova York, onde acontecerá no fim do mês a Assembleia Geral das Nações Unidas.

Os Estados Unidos renovaram nos últimos meses sua atenção ao conflito na Síria e intensificaram suas consultas a respeito, especialmente com a Rússia.

Kerry viajará amanhã a Berlim para se reunir com seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier, com quem discutirá também a possibilidade de a Rússia ter um papel diplomático construtivo na solução do conflito sírio. EFE

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