Kerry celebra contatos entre Coreias e pede que Norte não use “desculpas”
Seul, 13 fev (EFE).- O secretário de Estado americano, John Kerry, celebrou nesta quinta-feira em Seul os contatos entre as duas Coreias para abrir uma etapa de paz e pediu ao regime de Pyongyang que não use os próximos exercícios militares dos EUA e Coreia do Sul como uma “desculpa” para não cumprir seus compromissos.
“O progresso nas relações entre as duas Coreias é crucial” para os EUA e para a estabilidade na Ásia Oriental, afirmou Kerry em relação à recente aproximação que permitiu que o Norte e o Sul convocassem a primeira reunião de famílias separadas pela guerra para entre 20 e 25 deste mês.
O principal responsável da diplomacia americana confirmou, em entrevista coletiva, que Seul e Washington iniciarão suas manobras militares anuais Key Resolve e Foal Eagle como estava previsto para o próximo dia 24, apesar de Pyongyang pedir adiamento da data porque coincide com as reuniões familiares.
“Os exercícios militares vão ser realizados sem mudanças como a cada ano. A Coreia do Norte não pode usá-los como desculpa” para cancelar as reuniões, afirmou Kerry, após deixar clara sua postura de “não vincular assuntos humanitários com temas políticos ou militares”.
A visita que Kerry iniciou hoje ocorre em plena incerteza na península coreana, após o Norte e Sul não alcançarem na quarta-feira um acordo em sua primeira reunião de alto nível em 7 anos, principalmente pela rejeição norte-coreana às citadas manobras militares dos aliados, que considera “um teste de guerra”.
Com isto, os representantes das duas Coreias voltarão a se reunir amanhã para tentar acercar posturas quanto aos exercícios militares e a organização do encontro de famílias separadas programado para entre os próximos dias 20 e 25.
Quanto às estagnadas conversas multinacionais sobre o programa atômico norte-coreano, Kerry insistiu que os EUA “não iniciarão um diálogo até a Coreia do Norte demonstrar claramente com ações sua vontade de renunciar às armas nucleares”.
Para que isto ocorra, apontou o secretário de Estado americano, “é fundamental o papel da China” por conta dos vínculos políticos, econômicos e históricos com o regime norte-coreano, por isso que voltará a colocar o tema aos seus interlocutores chineses em seu iminente visita a Pequim.
A Coreia do Sul mantém uma forte aliança política e militar com os EUA, que desdobra 28.500 tropas no país perante a possibilidade de um conflito com o Norte como herança da Guerra da Coreia (1950-53), que finalizou com um armistício nunca substituído por um tratado de paz definitivo.
À margem dos assuntos da Coreia do Norte, o secretário de Estado americano pediu que Coreia do Sul e Japão “trabalhem juntos e resolvam suas diferenças históricas” após vários episódios políticos e diplomatas conflituosos nos últimos meses.
John Kerry, que iniciou hoje em Seul sua quinta viagem à região desde que assume o cargo, partirá amanhã a Pequim (China) como parte de uma viagem que também lhe levará a Jacarta (Indonésia) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). EFE
aaf/ff
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