Kerry cobra governo chinês para reduzir tensões no Mar da China Meridional
Pequim, 16 mai (EFE).- O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, insistiu neste sábado para que a China “adote medidas que ajudem a reduzir as tensões e aumentar as chances de uma solução diplomática” para os conflitos do Mar da China Meridional, em momento de tensão em ilhas na região.
Em curta visita a Pequim no fim de semana, Kerry fez essas declarações em entrevista coletiva junto ao ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, na sede do ministério.
Kerry ressaltou a “preocupação” dos Estados Unidos em relação à política da China no Mar da China Meridional, e pediu ao país asiático, “através de seu ministro das Relações Exteriores”, para que adote medidas.
Pequim confirmou na quinta-feira que realizou trabalhos de acompanhamento de uma embarcação da Armada dos EUA que entrou recentemente nas águas do Mar da China Meridional, mas garantiu que está em seu direito e informou que as tarefas de vigilância continuarão.
Essa ação ocorreu dias depois da apresentação anual do relatório do Pentágono sobre o exército chinês. O documento considerou que o gigante asiático está acelerando a construção de instalações em ilhas em disputa nessas águas do Pacífico para utilizá-las como bases de operações militares.
A China respondeu ao relatório defendendo que as ações do país no Mar da China Meridional são “irretocáveis”, sem fazer alusão a projetos como o das ilhas Spratly, reivindicadas pelas Filipinas e onde Pequim constrói uma pista de aterrissagem.
O ministro das Relações Exteriores chinês ressalcou neste sábado “a determinação da China em proteger sua soberania com a firmeza de uma rocha”.
“O nosso ponto de vista sempre foi o de acreditar que o diálogo é a única forma de resolver certos conflitos, e esta postura permanecerá intocada no futuro”, afirmou.
Além disso, Wang comentou que, apesar de EUA e China terem certas diferenças neste assunto, “também há pontos de vista comuns: ambos querem mares pacíficos, apoiam a livre navegação e a resolução de conflitos através das negociações”.
“É bom ter diferenças, o que é preciso evitar são os maus entendidos e os erros de cálculo”, acrescentou.
Ambos os representantes disseram ter conversado sobre outros temas de interesse comum em matéria de política externa, como as negociações nucleares sobre o Irã, a situação no Afeganistão, a gestão da crise do ebola e a desnuclearização da Coreia do Norte.
Em todos estes assuntos Kerry agradeceu à China pelo envolvimento e compromisso, principalmente nas negociações sobre o Irã, do Grupo 5+1 (EUA, França, China, Reino Unido, Rússia e Alemanha) com Teerã para fechar um acordo sobre seu programa nuclear, e na desnuclearização da Coreia do Norte.
Sobre o Afeganistão, Kerry deu as boas-vindas “ao papel mais ativo da China nesta parte do mundo”, devido à retirada da Otan, e disse que as duas primeiras economias do mundo trabalham de perto para que o território afegão “nunca mais seja um paraíso para terroristas”.
Kerry viajou à China para preparar junto aos líderes da potência asiática o próximo Diálogo Econômico Estratégico entre as duas maiores economias mundiais, que ocorrerá em Washington em junho, e também para acertar alguns pontos sobre a visita do presidente da China, Xi Jinping, aos EUA em setembro. O representante americano se reunirá com Xi no domingo, segundo anunciou neste sábado. EFE
pav/vnm
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.