Kerry diz que condenações contra jornalistas no Egito foram “draconianas”

  • Por Agencia EFE
  • 23/06/2014 16h40

Washington, 23 jun (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, condenou nesta segunda-feira as “draconianas” sentenças contra jornalistas da “Al Jazeera” no Egito em um julgamento que “desrespeitou as “normas fundamentais” do devido processo.

Um tribunal egípcio condenou hoje a penas de sete a dez anos de prisão jornalistas do canal “Al Jazeera” em inglês, um dia após Kerry se reunir com o presidente Abdul Fatah al Sisi em uma visita surpresa ao Cairo.

Em um comunicado, Kerry considerou que as sentenças representam um “inquietante retrocesso” na transição política do país e vão contra o papel “essencial” que uma “imprensa livre” deve representar na sociedade.

O secretário de Estado conversou com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shukri, para manifestar “claramente” a “profunda preocupação” dos Estados Unidos diante das sentenças anunciadas hoje.

“O êxito a longo prazo do Egito e de seu povo depende da proteção dos direitos humanos”, afirmou Kerry, que ressaltou a necessidade de um “compromisso real” das autoridades para se cumprir as aspirações da população de ter um “governo responsável”.

Kerry disse que em sua reunião de ontem discutiu com Sisi sobre estes assuntos e os objetivos do líder egípcio como novo presidente.

“O governo egípcio deve revisar todas as sentenças políticas e os veredictos emitidos durante os últimos anos, e considerar todas as soluções possíveis, incluídos perdões”, declarou.

O australiano Peter Greste e o egípcio com passaporte canadense Mohammed Fahdy foram condenados a sete anos de prisão por supostamente divulgar notícias falsas sobre o Egito e colaborar com a Irmandade Muçulmana, considerados “terroristas” pelas autoridades.

O jornalista egípcio Baher Mohammed viu sua pena ser aumentada em mais três anos, até dez, por possuir uma bala de revólver no momento em que foi detido.

A corte condenou outras doze pessoas – julgadas à revelia – a dez anos de prisão, três estudantes a sete e absolveu duas pessoas.

Entre aqueles condenados à revelia estão os britânicos Sue Turton e Dominic Kan, também jornalistas da “Al Jazeera” que foram ao Egito a cobrir os eventos após a derrocada militar em julho de 2013 do presidente Mohammed Mursi. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.