Kerry diz que Congresso dos EUA não poderá modificar acordo com Irã

  • Por Agencia EFE
  • 11/03/2015 15h15

Washington, 11 mar (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, disse nesta quarta-feira que o Congresso americano “não tem o direito” de modificar um eventual acordo nuclear com o Irã, pois este “não será legalmente vinculativo”, e sim um pacto entre poderes executivos.

Kerry refutou assim um dos principais pontos da carta enviada ontem ao Irã por um grupo de 47 senadores republicanos advertindo que qualquer acordo sobre o programa nuclear não aprovado pelo Congresso dos EUA caducará quando Obama deixar a Casa Branca, em menos de dois anos.

“Que no meio de uma negociação, (os senadores) se deem o direito de escrever aos líderes do Irã e dizer que vão lhes dar uma lição constitucional, que por certo era completamente incorreta, é bastante chocante”, declarou Kerry em uma audiência no Comitê de Relações Exteriores do Senado.

“A carta indica erroneamente que este será um acordo legalmente vinculativo. Não será”, afirmou o titular das Relações Exteriores.

Portanto, “o Congresso não tem o direito de modificar os termos” de um acordo alcançado por um “presidente com o líder de outro país”.

Além disso, Kerry ressaltou que, se as negociações prosperarem, o acordo contará com o respaldo dos outros de membros do Grupo 5+1: China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha.

“Eu gostaria ver se o próximo presidente, caso todos esses países digam que sim a este acordo, decidir dar marcha à ré e anulá-lo”, provocou Kerry.

A carta enviada pelos senadores aos líderes do Irã argumenta que só um acordo aprovado pelo Congresso americano pode continuar até o próximo mandato, caso contrário o novo presidente dos Estados Unidos poderia revogá-lo.

“Esta carta ignora mais de dois séculos de precedentes sobre o desenvolvimento da política externa americana. O acordo executivo (com outros países) é uma ferramenta necessária dessa política externa, e ambos os partidos a usaram durante séculos”, disse Kerry.

O chefe da diplomacia americana rotulou a carta de “irresponsável” e afirmou ter sentido uma “completa incredulidade” quando soube de sua existência.

Kerry afirmou ainda que o rei saudita, Salman bin Abdelaziz, expressou seu “completo respaldo” às negociações nucleares com o Irã durante a reunião que ambos mantiveram na semana passada em Riad.

A relação entre EUA e Arábia Saudita piorou ligeiramente desde o início das negociações internacionais com o Irã, em função da preocupação saudita pelo aumento da influência iraniana nos países da região, mas o combate comum contra o Estado Islâmico (EI) voltou a aproximar os dois aliados. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.