Kerry diz que estratégia para acabar com EI será um esforço de vários anos
Washington, 17 set (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, disse nesta quarta-feira que a estratégia para acabar com o Estado Islâmico (EI) será um esforço de “vários anos” e enfatizou que as tropas americanas mobilizadas no Iraque não terão uma missão de combate.
“As tropas americanas que foram enviadas ao Iraque não participaram e não vão participar de uma missão de combate”, disse o secretário em uma audiência no comitê de Relações Exteriores do Senado, na qual ressaltou que seu papel será “dar apoio” às forças iraquianas que lutam no terreno contra o EI.
O comentário de Kerry aconteceu depois que o chefe do Estado-Maior Conjunto, o general Martin Dempsey, deixou a porta aberta em outra audiência para que as tropas americanas pudessem voltar à primeira linha de combate no Iraque, caso ocorresse uma mudança nas circunstâncias.
O governo americano já tem cerca de 1.600 militares em solo iraquiano, entre assessores militares, pessoal de inteligência, operadores de drones e seguranças diplomáticos, dentro da campanha contra o EI no Iraque.
Trata-se de um número inédito desde o fim da Guerra do Iraque (2003-2011), há quase três anos.
Após retornar de uma viagem pelo Oriente Médio e a Europa para obter apoio para uma coalizão global contra o Estado Islâmico, o chefe da diplomacia americana transmitiu a mensagem de que os Estados Unidos não estão sozinhos na luta contra o EI.
“Os Estados Unidos não estão sozinhos, é por isso que estamos construindo uma coalizão global”, disse Kerry, ao enfatizar que durante sua viagem, que o levou a Turquia, Egito, Arábia Saudita e França – onde foi realizada uma reunião internacional sobre o EI -, vários países árabes se comprometeram a participar de ações militares, que, esclareceu, não significa que sejam operações no terreno.
A nova estratégia americana para combater os jihadistas se baseia na ampliação dos bombardeios seletivos iniciados no Iraque em agosto para o território sírio, onde o grupo terrorista é mais forte, assim como em armar e treinar os rebeldes moderados nesse país para fazer frente aos extremistas.
“Esta não pode ser simplesmente uma campanha do Oriente contra o Ocidente”, afirmou o senador de Nova Jersey, Bob Menéndez, presidente do comitê, que insistiu na necessidade de uma estratégia clara e “coerente” que saiba “quando chegou o momento de acabar com as ações militares”.
“As ações militares terminarão quando acabarmos com a capacidade do EI para cometer ações terroristas que ameaçam o Iraque, ameaçam os Estados Unidos e ameaçam a região”, afirmou Kerry.
Durante seu comparecimento, a Câmara dos Representantes aprovou uma emenda que autoriza o Pentágono a treinar e armar os rebeldes sírios para que lutem contra o EI na Síria, uma medida que terá que ser agora aprovada no Senado, mas que não convence a todos os senadores.
O republicano Bob Corker questionou a estratégia para eliminar os extremistas por considerar “que o Exército Livre da Síria (ELS) não pode assumir (o trabalho de acabar com) o EI”.
Por sua vez, o republicano John McCain criticou o fato de não ter sido oferecido apoio para a luta da oposição moderada síria contra o regime do presidente Bashar al Assad, após três anos de guerra civil e cerca 200 mil mortos, mas que agora será oferecido para combater o EI.
“O Estado Islâmico primeiro, essa é nossa política”, respondeu o secretário, que considerou que a oposição moderada “ficará mais forte” na Síria, assim que o EI for derrotado.
No início da audiência, Kerry foi interrompido por ativistas do grupo “Code Pink”, formado por mulheres, que gritaram palavras de ordem contra uma nova guerra.
O chefe da diplomacia americana respondeu a elas que entendia sua oposição ao conflito, mas que deveriam se preocupar em combater o EI, pois eles “matam, estupram e mutilam” as mulheres. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.