Kerry pede ao Quênia que continue a receber refugiados da Somália até a paz

  • Por Agencia EFE
  • 04/05/2015 15h54

Jéssica Martorell.

Nairóbi, 4 mai (EFE).- O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta segunda-feira ao Quênia que continue a acolher refugiados somalis no acampamento de Dadaab, muito perto da fronteira, até que a paz chegue a esse país e os deslocados possam voltar voluntariamente, de forma digna e com segurança.

Kerry fez este pedido ao presidente queniano, Uhuru Kenyatta, durante sua visita oficial a Nairóbi, que precede a que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará em julho.

“Temos um grande desafio, não só o Quênia, mas toda a comunidade internacional, para conseguir que os refugiados somalis voltem ao seu país voluntariamente, com dignidade e segurança”, afirmou Kerry em entrevista coletiva.

Atualmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) mantém uma disputa com as autoridades quenianas sobre o futuro do acampamento de Dadaab, onde vivem mais de 400 mil somalis.

O governo quer desmantelá-lo por considerar que se trata de um lugar de recrutamento do grupo jihadista Al Shabab.

Kerry reconheceu que a chegada de um grande número de refugiados somalis ao Quênia é uma “preocupação” para o país, especialmente após o atentado dia 2 de abril na Universidade de Garissa, que deixou 148 mortos.

No entanto, insistiu que “Dadaab tem que continuar aberto até que os refugiados possam voltar aos seus países, quando o conflito na Somália terminar”.

“O Quênia deveria se sentir orgulhoso de ajudar estas pessoas que fogem de seus países”, apelou Kerry, que se reuniu com alguns dos refugiados e conheceu suas “emocionantes” histórias.

Ao mesmo tempo, lembrou que o Quênia também precisa de assistência internacional e solidariedade para lidar com os milhares de refugiados que cruzam suas fronteiras fugindo da violência e da crise de fome na Somália.

Ele anunciou que os EUA darão uma ajuda adicional de US$ 45 milhões a Acnur para financiar as operações do acampamento e melhorar as condições básicas dos deslocados.

Além disso, reiterou o compromisso de seu governo de apoiar o Quênia na luta contra o terrorismo da Al Shabab, que desde abril de 2013 matou mais de 400 pessoas neste país em represália à presença de seu exército na Somália.

O Quênia “está ajudando a conseguir a paz e a democracia na Somália”, garantiu Kerry.

O chanceler também aproveitou a visita para homenagear às mais de 200 vítimas do atentado da Al Qaeda contra a embaixada americana em Nairóbi em 1998, o maior ataque terrorista da história do Quênia.

No Memorial Park da capital queniana, Kerry afirmou que os responsáveis deste atentado “perderam”.

“Não podemos mudar as mortes, mas podemos nos defender”, acrescentou o chefe da diplomacia americana, que conversou com alguns dos sobreviventes do ataque.

Desde ontem, Kerry se reuniu com líderes do governo e da oposição, com ONGs e representantes da sociedade civil, para abordar assuntos como a cooperação em segurança e direitos humanos.

Com esta visita, e com a de Obama em julho, os EUA pretendem reforçar as relações com o Quênia, debilitadas depois de Kenyatta ser acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes contra a humanidade.

A situação parece ter mudado no final do ano passado, depois de o TPI retirar as acusações, alegando não ter provas suficientes para julgar Kenyatta.

Kerry continuará amanhã sua viagem pela África em Djibouti, e se tornará o primeiro chefe da diplomacia americana da história a visitar esse país. Ele se reunirá com seus líderes para abordar, entre outros assuntos, a evacuação de civis afetados pelo conflito do Iêmen. EFE

jem/cd

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