Kerry pede que iraquianos se unam e formem governo diante do avanço rebelde
Bagdá, 23 jun (EFE).- O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta segunda-feira em Bagdá a formação de um governo que represente todos os iraquianos para frear o avanço dos insurgentes, em plena luta contra as forças governamentais.
Em uma visita surpresa à capital iraquiana, Kerry analisou com o primeiro-ministro do país, Nouri al-Maliki, o controle dos rebelde em algumas províncias e o processo de formação do novo Executivo, após as eleições legislativas de 30 de abril.
Em entrevista coletiva, o chefe da diplomacia americana pediu a criação de um novo gabinete que abarque todas as forças e prometeu o apoio militar de seu país para lutar contra o terrorismo.
“Os líderes iraquianos devem se movimentar rápido e formar um governo para ter o respaldo da comunidade internacional”, acrescentou.
Kerry afirmou que, “quando os xiitas, os sunitas e os curdos participarem da escolha do governo, o Iraque será mais forte e seguro”.
Nesse sentido, pediu que seja respeitada a data de 1º de julho para que o parlamento iraquiano escolha a seu presidente e posteriormente o chefe do governo, ao que, disse, se comprometeu al-Maliki.
Kerry ressaltou que o apoio americano ao Iraque será “forte e sustentado” e se baseará na cooperação em inteligência, formação militar conjunta, dotação de armas e equipes de combate e envio de conselheiros militares para o exército.
Por sua vez, Maliki advertiu após a reunião em comunicado da ameaça que representa o conflito em seu país para “a paz regional e mundial” e pediu à comunidade internacional que leve a sério essa crise.
Depois que a coalizão xiita Estado de Direito, liderada por al-Maliki, ganhou as últimas parlamentares, o atual primeiro-ministro está topando com vários obstáculos para obter o apoio de que precisa para conseguir um terceiro mandato consecutivo.
Durante sua visita-relâmpago, Kerry se reuniu também com o presidente do parlamento, o sunita Osama al Nuyaifi; o destacado clérigo xiita Emar al-Hakim e o titular de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari.
Kerry começou ontem uma viagem pelo Oriente Médio e pela a Europa para abordar principalmente a situação no Iraque, palco de uma ofensiva de insurgentes sunitas e do jihadista Estado Islâmico do Iraque e o Levante (EIIL) contra o governo de Maliki.
Bagdá pediu a Washington que lançasse bombardeios aéreos contra os insurgentes, mas até o momento os Estados Unidos se limitaram a enviar 300 assessores militares, insistindo que isso não significa reiniciar suas operações de combate no Iraque e que a solução para o problema não passa por uma via exclusivamente militar.
Ainda hoje, pelo menos 71 presos quando homens armados atacaram o comboio no qual eram transferidos na província de Babel, cerca de 110 quilômetros ao sul de Bagdá, em um incidente no qual também morreram dois policiais e cinco atacantes.
O porta-voz do exército iraquiano, Qasem Ata, informou que centenas de soldados e civis foram executados pelos insurgentes sunitas desde o começo da ofensiva há duas semanas.
Em entrevista coletiva, Ata assinalou que os extremistas degolaram e enforcaram a estas vítimas, cujos corpos foram em algumas ocasiões mutilados, nas províncias de Saladino, Ninawa, Kirkuk e Diyala.
Sobre as forças iraquianas pesam similares acusações, como as do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que informou do achado de 30 detidos que supostamente foram executados por guardas fronteiriços antes de se retirar da zona de Al Qaim, tomada pelos jihadistas e localizada no limite entre o Iraque e a Síria.
As autoridades iraquianas e os insurgentes reivindicaram hoje ter o controle de dois novos postos fronteiriços em disputa: o de Al Walid, junto à Síria, e o de Trebil, com a Jordânia.
Se for confirmada a perda desses postos por parte do exército, todos os passos que unem o Iraque à Síria e à Jordânia estariam nas mãos dos extremistas, dispostos a criar um emirado na região. EFE
sy/tr
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.