Kerry se reúne com rei da Arábia Saudita para discutir a guerra no Iêmen
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, se encontrou com o rei Salman da Arábia Saudita, neste domingo (18), para discutir a guerra no Iêmen, em uma visita que provavelmente será sua última como um diplomata americano.
A viagem de Kerry nas vésperas da posse do presidente eleito, Donald Trump, vem em um momento em que os laços diplomáticos entre os aliados de longa data têm sido prejudicados pelo acordo nuclear com o Irã, defendido pelo presidente Barack Obama. Enquanto isso, os americanos estão cada vez mais preocupados com as baixas civis causadas por ataques aéreos conduzidos pelos sauditas no Iêmen ao ponto de cortarem algumas vendas de armamentos ao reino na semana passada.
A guerra no Iêmen ainda permitiu que grupos extremistas florescessem por lá, enquanto o afiliado local do Estado Islâmico reivindicou um ataque suicida neste domingo na cidade portuária de Aden, matando pelo menos 48 soldados que formavam fila para receber seus pagamentos.
Tensões não foram imediatamente perceptíveis nas reuniões de Kerry com o rei, príncipe da coroa, Mohammed bin Nayef, e outros membros da realiza na capital saudita, Riad. “Em tempos turbulentos, é bom ter amizades sólidas”, disse Kerry a jornalistas na noite deste domingo. “É por isso que a parceria dos Estados Unidos com a Arábia Saudita é justamente tão valiosa”.
Mais cedo, Kerry se uniu a diplomatas britânicos, do Omã e dos Emirado Árabes Unidos para falar com o enviado especial das Nações Unidas para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed. Os Emirados Árabes fazem parte de uma coalizão liderada pelos sauditas para combater rebeldes xiitas no Iêmen, conhecidos como Houthis, enquanto o Omã tem servido como um interlocutor para eles.
Kerry disse que espera que as partes concordem “dentro de duas semanas” com os termos previamente estabelecidos pela ONU. Mas tanto o secretário americano quanto o ministro de Relações Exteriores Saudita, Adel al-Jubeir, deram poucos detalhes sobre como isso seria cumprido, especialmente com a ONU propondo deixar de lado o presidente Abed-Rabbo Mansour Hadi – apoiado por Riad – e dar uma parcela de poder aos rebeldes: concessões as quais os sauditas se opõem fortemente.
“Você pode ver pela situação humanitária, que é terrível e se deteriora rapidamente, que urge que tentemos trazer um fim a essa guerra”, disse. “Mas nós também precisos trazê-la ao fim de uma maneira que proteja a segurança da Arábia Saudita”, completou.
A ONU e grupos de direitos humanos estimam que pelo menos 9 mil pessoas morreram na guerra. Pelo menos 4,125 mil civis foram mortos desde que a campanha aérea começou. Os ataques sauditas foram responsáveis por 60% da morte de civis durante um ano, ainda de acordo com a ONU.
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