Kiev aposta em continuidade da ofensiva militar contra milícias pró-Rússia

  • Por Agencia EFE
  • 06/05/2014 18h18
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Bernardo Suárez Indart.

Donetsk (Ucrânia), 6 mai (EFE).- As autoridades de Kiev apostaram nesta terça-feira em continuar a ofensiva militar contra as milícias pró-Rússia, cujos líderes políticos garantem que o referendo sobre a autonomia da “República Popular de Donetsk”, no próximo domingo, será realizado “inclusive em meio a combates”.

Após a ofensiva lançada pelas forças ucranianas contra as cidades de Slaviansk e Kramatorsk, as milícias pró-Rússia disseram hoje que começaram a operação contra a cidade litorânea de Mariupol, também na rebelde região de Donetsk.

“Acabam de chegar informações sobre um ataque em massa contra nossos postos de controle localizados no oeste da cidade. Pelo visto, começou o ataque. Os milicianos entraram em combate e começou o tiroteio”, disse um porta-voz dos insurgentes à imprensa russa.

De acordo com a rede de televisão russa “RT”, testemunhas disseram que há vítimas.

O presidente da Ucrãnia, Alexander Turchinov, declarou hoje a mobilização parcial a fim de prosseguir a ofensiva contra as fortificações insurgentes pró-Rússia. Turchinov nomeou também o novo chefe do exército, o general Anatoli Pushniakov, veterano da guerra do Afeganistão com o exército soviético.

Todos estes passos mostram que Kiev intensificará sua ofensiva militar contra Slaviansk e Kramatorsk, redutos pró-Rússia na região de Donetsk, cujos arredores ontem foram palco de sangrentos combates. De acordo com o Ministério do Interior, quatro soldados e 30 milicianos morreram.

A Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia rejeitou hoje a proposta de realizar conjuntamente com as eleições de 25 de maio um referendo sobre a integridade territorial e a descentralização do país, como os pró-russos exigem. Ela também não conseguiu apoio para a iniciativa do primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, de realizar uma consulta não vinculativa sobre os mesmos assuntos.

“As ações militares no norte da região de Donetsk não impedirão a realização do referendo sobre a autonomia estadual convocada para o domingo”, disse à Agência Efe Boris Litvinov, membro da direção da “República Popular de Donetsk” e encarregado de organizar a consulta.

Litvinov acrescentou que os preparativos transcorrem com toda normalidade e que as cédulas estão sendo enviadas aos colégios eleitorais.

“Hoje falei com os chefes das comissões eleitorais de Slaviansk e Kramatorsk que me garantiram que mesmo em meio a combates as pessoas irão às urnas”, acrescentou.

Em sua opinião, o referendo acontecerá com normalidade nas demais cidades da região de Donetsk.

“A segurança dos colégios eleitorais será garantida pela polícia e as forças de autodefesa”, acrescentou.

No entanto, a ausência de um registro de eleitores gera dúvidas sobre a confiabilidade dos resultados da consulta, declarada ilegal pelo governo de Kiev.

“Ainda não sei se vou votar. Trata-se de um referendo cuja legalidade está em interdição”, disse à Agência Efe um membro da polícia, que trabalha tanto na corporação quanto como taxista, já que seu salário como oficial é de 24 mil grivnas (pouco mais de R$ 440).

Donetsk tem hoje duas caras: os edifícios governamentais tomados pelas milícias pró-Rússia, que dão um aspecto de cidade em guerra; e as avenidas verdes, que exalam tranquilidade. Contudo, a incerteza sobre o futuro é o denominador comum e uma das principais preocupações dos moradores.

“Vivemos o dia a dia. É difícil fazer planos quando não se sabe que pode acontecer”, diz Tamara, uma mulher de 30 anos que trabalha em uma loja de consertos de aparelhos eletrônicos. Defensora da independência de Donetsk, ela afirma que não apoia a incorporação da região à Rússia.

“Aqui temos de tudo. Somos cerca de cinco milhões (de habitantes). Há países muito menores, não?”, disse Tamara, com um sorriso no rosto.

A insegurança vivida em Donetsk aumenta com decisões do governo de Kiev como a adotada hoje de fechar por várias horas o aeroporto internacional da cidade sem dar qualquer tipo de explicação. EFE

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