Kiev prepara ataque a Donetsk e pede que civis abandonem zonas pró-Rússia

  • Por Agencia EFE
  • 04/08/2014 15h02
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Boris Klimenko

Kiev, 4 ago (EFE).- O governo da Ucrânia anunciou nesta segunda-feira a abertura de corredores humanitários e pediu aos civis que saiam das zonas em conflito no leste do país, em um momento no qual as tropas do exército já estão próximos da entrada da cidade de Donetsk, habitada por um milhão de pessoas antes do início da guerra e ainda controlada ainda pelos separatistas pró-Rússia.

“Estão sendo realizadas ações preparativas”, disse hoje o secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Lisenko.

Algumas unidades dos batalhões de voluntários “Shajtiorsk” e “Azov”, financiados pelo oligarca e governador da região de Dnepropetrovsk, Igor Kolomoiski, já entraram em Donetsk, segundo várias fontes ucranianas.

O exército, animado com as conquistas obtidas nas últimas semanas, acredita que está perto da vitória total contra os rebeldes, como disse à cadeia britânica “BBC” o ministro da Defesa da Ucrânia, Valeri Gueletei. Os militares parecem querem abrir caminho no terreno para o ataque final contra os redutos dos sublevados.

Kiev pediu hoje aos civis que abandonem todas as cidades e povoados controlados pelos separatistas, entre os quais estão quatro das cinco localidades mais populosas das regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk.

“Os terroristas roubam a população, sequestram cidadãos e tomam edifícios particulares e meios de transporte. Por isso pedimos à população local para abandonar os territórios tomados pelos terroristas”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano.

O Ministério das Relações Exteriores russo e os rebeldes denunciaram hoje que o exército ucraniano instalou nos acessos de Donetsk plataformas de lançamento de mísseis.

“Aparentemente, a vida dos civis, militares e milicianos já não têm importância para as autoridades de Kiev”, afirmou em uma nota a chancelaria russa.

Com a intenção de minimizar as baixas entre a população civil, o comando militar ucraniano abriu corredores humanitários em Donetsk, Lugansk e Gorlovka, três das quatro cidades mais populosas do leste do país, -com 1,7 milhão de habitantes antes do início do conflito-, todas elas cenário de combates entre os dois lados nesta segunda-feira.

Cada corredor permanecerá aberto durante quatro horas ao longo dia, período em que as tropas ucranianas prometem não abrir fogo a menos de 200 metros do percurso, que será claramente delimitado.

Após a tomada de várias localidades praticamente contíguas a Donetsk, as forças ucranianas cercaram a cidade pelo oeste e norte.

O conselheiro da presidência ucraniana e ex-ministro de Interior, Yuri Lutsenko, disse que o plano de ataque a Donetsk será uma surpresa para os separatistas.

Os combates chegaram à cidade de Lugansk há semanas, onde desde final de julho morreram mais de cem civis sob fogo de artilharia. Militares e rebeldes se acusam mutuamente pelas mortes.

A capital da região homônima, habitada por meio milhão de pessoas antes da guerra, encontra-se à beira de uma catástrofe humanitária, sem água nem luz, sem comunicações e praticamente desabastecida de alimentos perecíveis e combustíveis.

O êxito ucraniano em Donetsk e Lugansk não se repete na fronteira entre as duas regiões rebeldes e a vizinha Rússia, onde milhares de soldados estão cercados há semanas pelos milicianos, com o território russo como única escapatória possível.

Entre 311 soldados e guardas fronteiriços ucranianos, segundo Kiev, e 438, segundo Moscou, entraram nesta madrugada na Rússia pelo posto de Chervonopartizansk, na região de Lugansk, após solicitar ao país vizinho a abertura de um corredor humanitário.

As autoridades russas disseram que os soldados da 72ª Brigada Mecanizada das Forças Armadas da Ucrânia atravessaram a fronteira para fugir da guerra, enquanto o governo ucraniano assegurou que a retirada ao território russo fez parte de uma bem-sucedida operação militar para escapar do cerco ao qual estavam submetidos.

“Após quatro horas de fogo cruzado se decidiu dividir a brigada. Uma parte se lançou para romper o cerco e conseguiu. A outra cobriu a saída de seus companheiros até ficar sem munição”, e em seguida cruzaram para a Rússia, disse o porta-voz dos militares ucranianos, Alexei Dmitrashovski.

Além disso, continuam os combates na área onde caiu o voo MH17 da Malaysia Airlines com 298 passageiros a bordo, zona controlada na época pelos separatistas e agora disputada pelos dois lados em confronto no leste da Ucrânia.

Apesar dos combates, uma centena de especialistas internacionais voltaram a ter acesso hoje ao local da tragédia aérea para buscar corpos das vítimas e seus pertences pessoais. EFE

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