Kirchnerismo disputará eleições presidenciais com candidatura única de Scioli

  • Por Agencia EFE
  • 18/06/2015 19h23

Buenos Aires, 18 jun (EFE).- O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, favorito para suceder Cristina Kirchner na presidência argentina segundo as pesquisas, será o representante único do kirchnerismo na corrida eleitoral após a desistência do ministro do Interior, Florencio Randazzo.

A três dias do fechamento oficial das listas de postulantes que concorrerão dentro de cada força política nas eleições primárias de agosto, o chefe de gabinete do governo argentino, Aníbal Fernández, anunciou hoje à imprensa que Randazzo “desistiu de participar como pré-candidato a presidente da nação”.

A informação foi confirmada pelo próprio titular de Interior, em carta enviada a Cristina Kirchner, datada ontem e divulgada hoje, na qual ratifica que continuará com seu trabalho à frente da pasta até o final do mandato e sua intenção de não ser candidato eleitoral a outro posto.

“Tal como me pediu, te acompanharei até o final da gestão, para continuar transformando, porque meu compromisso com você é inquebrantável. Te respeito como militante, te admiro como presidente e te amo como pessoa”, afirmou Randazzo em sua mensagem.

Com a desistência de Randazzo, as pretensões kirchneristas de manter o poder quando Cristina deixar a presidência – em dezembro deste ano, ao concluir os dois mandatos consecutivos permitidos pela Constituição – ficaram integralmente nas mãos do atual governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.

Apesar de Scioli ser, segundo as enquetes de intenções de voto, o aspirante com mais chances de vitória nas eleições presidenciais de outubro, a governante não tinha se manifestado publicamente a favor de nenhum dos pré-candidatos governistas.

Randazzo aparecia como mais próximo à presidente até que na terça-feira passada Scioli deu um golpe de efeito ao anunciar que queria Carlos Zannini, homem forte do kirchnerismo, como seu vice na chapa eleitoral.

Zannini, atualmente a cargo da Secretaria Legal e Técnica do Executivo e estreito colaborador de Cristina, aceitou a proposta com o beneplácito da presidente.

Após o surpreendente anúncio, Randazzo foi à residência presidencial de Olivos e teve uma reunião com Cristina, cujo conteúdo não foi informado.

Apesar das especulações de que Randazzo trocaria suas aspirações de ser chefe de Estado por uma candidatura nas eleições a governador da província de Buenos Aires, que acontecerão de forma simultânea às presidenciais, o ministro descartou hoje essa possibilidade.

“Sou um homem de palavra. Acredito fervorosamente no valor dela. Não apago com o cotovelo o que escrevo com a mão. Por isso, não posso aceitar ser candidato a governador”, expressou em sua carta Randazzo, que no passado tinha declarado publicamente que se não fosse candidato a presidente, não seria candidato a nada.

Scioli sai assim reforçado da briga interna dentro do governo apesar de, até bem pouco tempo atrás, ser visto com desconfiança pelo núcleo duro do kirchnerismo.

“Este é um projeto coletivo”, ressaltou hoje o governador durante um ato oficial na província de Buenos Aires, o distrito eleitoral mais povoado da Argentina.

“Estou convencido que posso fazer um bom trabalho. Entre todos temos que continuar fazendo história dentro deste caminho”, acrescentou.

Os principais oponentes de Scioli na corrida pela presidência são o conservador Mauricio Macri, atual prefeito de Buenos Aires e líder do partido Proposta Republicana (Pró), e o peronista dissidente Sergio Massa, deputado e líder da Frente Renovadora (FR).

Os partidos políticos têm até meia-noite do próximo sábado para registrar na Justiça eleitoral os pré-candidatos que concorrerão nas primárias de 9 de agosto, nas quais serão definidos os postulantes que poderão competir nas eleições gerais de outubro. EFE

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