Lançamento de garrafas frustra uma noite de protesto pacífico em Ferguson
Washington, 20 ago (EFE).- O lançamento de várias garrafas de vidro contra a polícia frustrou entre terça e quarta-feirauma noite de protesto pacífico em Ferguson, no Missouri, e terminou com novos confrontos e 47 prisões.
Até pouco antes da meia-noite (hora local, 2h em Brasília) os protestos em Ferguson tinham tido um tom familiar e tranquilo impossível em dias anteriores, quando a dinâmica geral era o começo dos enfrentamentos logo ao cair a noite.
No entanto, o lançamento de várias garrafas de vidro contra os agentes desencadeou novos confrontos entre policiais e manifestantes, que terminaram com 47 novas prisões, informou em entrevista coletiva o capitão da Patrulha de Estradas do Missouri, Ron Johnson.
Boa parte das centenas de pessoas que durante o dia se manifestaram pacificamente, em uma manifestação com muitas crianças e famílias, voltaram para casa antes do anoitecer, como tinham recomendado as autoridades, o que tornou na madrugada o grupo do protesto notavelmente menor que nas noites anteriores.
Ao contrário da dura noite de protestos de ontem, que terminou com duas pessoas baleadas e 78 detidos, nesta madrugada não foi necessário o uso de gás lacrimogêneo, não houve lançamento de coquetéis molotov nem disparos, detalhou Johnson.
A polícia apreendeu três armas de várias pessoas que ameaçaram atacar um agente, acrescentou.
Para o capitão, a influência dos líderes comunitários foi decisiva para acalmar os ânimos dos manifestantes e convencê-los de restringir a manifestação ao dia.
Vários jornalistas que cobrem os protestos em Ferguson afirmaram nas redes sociais que alguns de seus colegas foram detidos, mas por enquanto não foi divulgada a identidade de nenhum deles, nem há confirmação oficial destas prisões.
Enquanto a avenida West Florissant, epicentro dos protestos, vivia uma nova noite de tensão, o procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, pedia em um editorial o fim da violência e prometia uma investigação “completa, justa e independente” sobre a morte do jovem negro Michael Brown por um policial há 11 dias.
“Entendemos a necessidade de uma investigação independente e esperamos que a independência e a minuciosidade de nossa investigação acalme as tensões de Ferguson. Mas para começar o processo de reconciliação precisamos ver primeiro o fim dos atos de violência nas ruas de Ferguson”, escreveu Holder em um editorial do jornal local “St. Louis Post-Dispatch”.
O secretário de Justiça, o primeiro negro a ocupar o posto, visitará hoje Ferguson para saber mais sobre a situação neste subúrbio próximo de Saint Louis, que vive há uma semana intensos protestos raciais motivados pela morte do jovem.
Brown morreu baleado por um agente em circunstâncias ainda não esclarecidas e com versões contraditórias da polícia e das testemunhas.
A decisão de enviar a Guarda Nacional na segunda-feira não serviu para acalmar a situação em Ferguson, que viveu uma dos dias de protestos mais duros.
“Embora estes atos tenham sido cometidos por uma minoria muito pequena e, em muitos casos, por indivíduos de fora de Ferguson, eles prejudicam gravemente, em vez de favorecer, a causa da justiça. E interrompem a conversa mais profunda sobre que os manifestantes querer ter”, considerou Holder.
O procurador-geral garantiu “ao povo de Ferguson”, que seu departamento trabalha para descobrir o que exatamente aconteceu no caso de Michael Brown. EFE
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