A “larva no feijão” tomou conta da internet: mito ou verdade? Descubra

  • Por Jovem Pan
  • 09/10/2015 17h58
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 05-01-2010: Imagem de vários tipos de feijões (branco, fradinho, carioca, rosinha, feijão-de-corda, bolinha, rajado, vermelho, e preto). (Foto: Rodrigo Capote/Folhapress) Rodrigo Capote/Folhapress feijão

Mito. Isso mesmo! Estes vídeos que vêm aparecendo nas redes sociais sobre supostas larvas no feijão não são verdade. O que você vê ali, algumas vezes boiando no feijão, solto no caldo não é um bichinho, mas sim a radícula do feijão.

O “feijão nosso de cada dia” é composto por várias estruturas, entre elas a radícula, que nada mais é que a estrutura do feijão que dá origem à raiz e às primeiras folhas da planta. Confira abaixo um vídeo que circula na internet sobre a presença de “larvas” no feijão. Atenção, o vídeo abaixo mostra a radícula e não a larva:

O consultor da Jovem Pan Roberto Martins Figueiredo também conhecido como Doutor Bactéria, explica que a radícula, ao ser cozida, acaba se soltando do feijão, e isso é normal. “Se pegar um feijão e partir ao meio, tem o broto [a radícula]. No algodão, aquilo sai e vira o pé de feijão que conhecemos. Quando cozinhamos, aquilo também sai”, explicou.

A marca Broto Legal, que foi alvo do vídeo que circulou no Facebook e do áudio de Whatsapp, divulgou recentemente em sua página na rede social que os feijões foram submetidos à analises no Instituto Biológico de São Paulo, que comprovaram em laudo que as supostas larvas são as radículas.

Confira abaixo o vídeo:

Em entrevista a Jovem Pan Online, o pesquisador científico e diretor do Laboratório de Pragas Urbanas do Instituto Biológico e responsável por analisar o feijão da marca Broto Legal, Francisco José Zorzenom, reafirma que não havia nada no feijão que não fosse material vegetal.

“Foram encaminhadas amostras do feijão cozido pela consumidora, amostra do feijão cru do mesmo pacote e uma amostra de contra prova, que seria o feijão de um mesmo lote. Não havia nada além de material vegetal. Aquilo eram radículas, que são normais e acabam se soltando durante o cozimento do feijão”, explica. 

A marca divulgou ainda em suas redes sociais o resultado do laudo que diz: “a amostra analisada não continha danos, perfurações e/ou dejetos causados por pragas. Não apresentou formas imaturas (ovos, larvas, pupas) ou formas adultas de insetos pragas infestantes de feijão ou quaisquer outros insetos, ácaros e demais artrópodes. Foram encontradas em grande quantidade, radículas de feijão (primórdios de raízes na semente, de origem exclusivamente vegetal). As radículas são observadas facilmente após o cozimento das sementes”.

Quem procura acha

Calma! Os vídeos que andam circulando por aí, em sua grande maioria, mostram as radículas e não as larvas. Mas, de tanto procurar você pode acabar encontrando um vídeo na internet, por exemplo, em que alguém vê bichos “de verdade”.

Um deles mostra nitidamente uma larva no feijão. A consumidora alerta que deixou o feijão de molho no vinagre, como forma de “matar” o bicho que ali estava. Mas isso não dá certo.

Roberto Martins Figueiredo diz que o vinagre “não tem a função nem de matar bactérias”, por isso, basta que a pessoa selecione o feijão e fique atenta para anormalidades, como furos ou a presença de pragas. “Selecione o feijão, veja se tem buracos ou não, se tem insetos. Se tiver e o feijão estiver dentro do prazo de validade, vá até onde você comprou e troque”, explica.

O diretor do Laboratório de Pragas Urbanas ressalta que o feijão deve ser deixado de molho apenas em água e que o vinagre pode vir a causar dores de barriga. “Casos de diarréia que foram constatados podem, possivelmente, ser por causa do fato de terem deixado o feijão de molho no vinagre”, diz.

Ele alerta ainda que, quando deixado de molho, o feijão que não está bom para consumo costuma flutuar, já que “o inseto acaba consumindo a matéria do feijão e o deixa mais aerado”. Desta forma, a atitude a se ter é simples: selecione o feijão antes do consumo e fique atento, se algum flutuar, pode descartar.

Caso algum deles escape de sua vista, os especialistas alertam: os bichos não resistiriam ao cozimento na panela de pressão. O Doutor Bactéria ressalta que não faria mal se alguém, porventura, comesse uma destas. “Não é agradável, mas não faria mal nenhum”, diz.

Confira abaixo a larva no feijão, mas não siga a “dica” da consumidora de deixá-lo de molho no vinagre:

Mentira sobre mortes

Além das larvas, outro boato que correu foi que dez pessoas morreram após consumirem feijão com larvas, em decorrência de uma diarréia. O fato teria acontecido no Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, onde dez pessoas teriam morrido por causa da contaminação. Está aí outro mito.

O hospital divulgou nota no dia 24 de setembro negando o “suposto” ocorrido. “O Hospital e Maternidade Santa Joana esclarece que a informação que está circulando nas redes sociais sobre um possível problema com consumo de feijão dentro da instituição não é verdadeira. Não há nenhuma morte de colaborador fora ou dentro do hospital relacionada a qualquer surto de gastroenterite”, diz a nota.

 

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