Lavrov descarta comando conjunto de Síria, EUA e outros em ações contra EI
Moscou, 29 set (EFE).- O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, descartou nesta terça-feira a formação de uma “coalizão clássica”, com um comando conjunto, entre Estados Unidos e as forças que lutam em terra contra os jihadistas na Síria, mas insistiu que as ações militares devem ser coordenadas.
“Não é realista ter um comando conjunto, mas as ações no terreno devem ser coordenadas, assim como os ataques aéreos”, disse Lavrov em entrevista ao canal russo internacional “RT” em Nova York, onde está para a Assembleia Geral da ONU.
Este assunto foi um dos expostos pelo presidente russo, Vladimir Putin, ao presidente americano, Barack Obama, na reunião que tiveram após seus discursos na Assembleia das Nações Unidas.
“A coalizão (liderada por Washington) atua só com ataques pelo ar, enquanto em terra são os exércitos da Síria, do Iraque e grupos curdos que combatem contra o EI, a Frente Al Nusra e outros”, argumentou Lavrov.
Putin, que ontem reiterou o incondicional apoio da Rússia ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, sempre criticou os ataques aéreos dos Estados Unidos e desde este fim de semana também da França contra as posições do EI sem autorização da Síria.
Lavrov ressaltou que o centro de troca de informação aberto em Bagdá por Iraque, Rússia, Síria e Irã pode ajudar nessa coordenação entre todos os países que combatem os jihadistas.
Também fez um pedido à oposição moderada síria “para se somarem à luta coordenada” contra os terroristas.
Em seu discurso na ONU, Putin chamou à criação de uma ampla coalizão internacional contra o terrorismo, que integre todos os países, e inclua Síria e Irã.
Obama, no entanto, insistiu que o presidente sírio não tem lugar no futuro de seu país e mostrou receio com a ajuda militar que a Rússia dá a Síria.
“Os americanos estão absolutamente convencidos de que a ajuda da Rússia a Assad para lutar contra o EI reforça seu regime”, disse Lavrov depois da reunião bilateral entre Putin e Obama.
Mas a postura russa, ressaltou, é que “não podemos permitir a desintegração da Síria, porque a alternativa poderia ser o EI e seu califado, e nos teríamos que esquecer a Síria como a conhecemos agora”.
Apesar das profundas diferenças que têm sobre o papel e o futuro de Assad, Putin e Obama concordaram com a necessidade de cooperar para buscar uma “solução política” ao conflito na Síria.EFE
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