Legisladores dos EUA deixam Cuba após contatos em agricultura e tecnologia
Havana, 19 jan (EFE).- Uma delegação de legisladores americanos finalizou nesta segunda-feira uma visita de três dias a Cuba na qual mantiveram contatos com funcionários da ilha nas áreas de agricultura, tecnologia e telecomunicações, além de se reunirem com o chanceler Bruno Rodríguez e o cardeal Jaime Ortega.
“Mudamos uma política que durou 52 anos e agora é o momento de vir aqui e falar. Nos reunimos com especialistas em agricultura, tecnologia, com representantes da sociedade civil e com o cardeal Jaime Ortega”, resumiu para a imprensa o senador Patrick Leahy.
Leahy, que nos últimos anos viajou várias vezes à ilha para mediar a libertação do prestador de serviços Alan Gross, liderou o grupo de legisladores que deixou hoje a ilha, dois dias antes do início do diálogo entre Cuba e EUA para normalizar as relações, com a chegada de uma delegação nesta quarta-feira, liderada pela secretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson.
Perguntado sobre a possibilidade de que se decida nesses encontros sobre a abertura de embaixadas, o senador Leahy declarou que “seria lógico” que esse fosse um dos primeiros assuntos a serem abordados.
“Não é lógico que digamos aos americanos: podem viajar para Cuba, mas lá não há uma embaixada caso vocês tenham algum problema. Ou se você é um homem de negócios e não há um representante de comércio para lhe oferecer assistência. Isso não faz nenhum sentido”, frisou.
A delegação de congressistas chegou a Cuba no último sábado, onde mantiveram reuniões com representantes da sociedade civil, com o cardeal Jaime Ortega e com vários funcionários do governo cubano, entre eles o chanceler, Bruno Rodríguez.
Sobre o encontro com o ministro, o senador Richard Durban explicou que não foram tratadas questões “delicadas” sobre direitos humanos, mas considerou positivo que as autoridades cubanas estejam dispostas a abrir o país para as telecomunicações e ampliar o acesso à internet.
“Acho que isso abrirá imensas oportunidades para a liberdade de expressão, de informação e de aprendizagem. Tenho fé em que isso vai trazer mudanças positivas”, detalhou.
Durban destacou o caráter “histórico” da visita de Roberta Jacobson, a funcionária americana do mais alto escalão a visitar a Cuba dos irmãos Castro e lembrou que “se os Estados Unidos retomaram relações com o Vietnã, também podem fazer o mesmo com Cuba”.
“Estávamos congelados na velha política em relação a Cuba por mais de 50 anos. Finalmente, nosso presidente (Barack Obama) se deu conta de que essa política não era a melhor para servir tanto aos interesses de nosso país, quanto aos de Cuba e do mundo. Agora, estamos entrando em uma nova era”, afirmou.
A senadora Debbie Stabenow disse que o objetivo desta visita, depois do grande anúncio do “degelo diplomático”, é facilitar os contatos entre os dois países no futuro e abordar assuntos “específicos e tangíveis”.
“Temos que ir passo a passo para que aconteçam as mudanças que necessitamos para ter uma relação completa e aberta”, opinou a senadora, que esta manhã teve uma reunião “muito frutífera”, segundo ela mesma, com o ministro da Agricultura, Gustavo Rodríguez, sobre a forma de “trabalhar conjuntamente, compartilhar informações e conhecimento”.
“Queremos abrir as portas para que comecem a entrar em Cuba todo o tipo de produtos, que as pessoas não tenham que se preocupar se há nas lojas batatas, leite ou carne”, afirmou.
A delegação de congressistas, todos do Partido Democrata, também contou com os legisladores Sheldon Whitehouse, Chris Van Hollen e Peter Welch. EFE
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