Lei do pré-sal, como está, não atende aos interesses da Petrobras, diz Parente

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/06/2016 12h56
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Marcelo Camargo/Agência Brasil O presidente interino Michel Temer cumprimenta o novo presidente da Petrobras

Pedro Parente, que assume, nesta quinta-feira (2), a presidência da Petrobras, defendeu, na cerimônia de posse, mudanças na legislação do pré-sal, que hoje determina que, ao menos, 30% da participação e dos investimentos em áreas do pré-sal devem ser garantidos à estatal. Segundo ele, essa determinação é prejudicial à petroleira, que perde a liberdade de escolher apenas os blocos considerados estratégicos e economicamente viáveis, “o que seria imperdoável para uma empresa listada em bolsa”, em sua opinião.

“A lei (do pré-sal) não atende aos interesses da Petrobrás ou do País. Com a corrente situação financeira (da companhia), se (a lei) não for revista, vai retardar a exploração do pré-sal”, perspectivou o executivo, ressaltando que as bacias de petróleos atingiram 40% da produção nacional da empresa, “Não podemos esperar mais e precisamos priorizar o pré-sal ao máximo”.

Segundo o gestor, a empresa precisa recuperar sua imagem e finanças, o que será a prioridade em seu mandato, sendo enfático em seu discurso contra várias medidas do governo da presidente da República afastada, Dilma Rousseff. 

Tendo em vista a necessidade da estatal ter outro posicionamento na política de conteúdo local, o novo presidente garantiu a aquisição de um volume mínimo de bens e serviços no Brasil. Segundo Parente, o conteúdo local precisa de incentivo à inovação.

O timoneiro se manifestou também contrário à capitalização de recursos da petrolífera pela União, o que, em sua opinião, seria uma solução com ônus ao contribuinte e ao Tesouro, que, hoje, passa por limitações fiscais “Vamos buscar encontrar saída que não seja a injeção direta de recursos do Tesouro”, afirmando que a empresa vai investir US$ 20 bilhões neste ano.

Gestões anteriores

Parente elogiou o seu antecessor, Aldemir Bendine, mas criticou a gestão dos demais presidentes da empresa durante os governos de Dilma e Lula. Sem citar os nomes de José Sérgio Gabrielle e de Graça Foster, disse que, no passado, a empresa passou por uma fase de “euforia e triunfalismo”, que, segundo ele, “não servem mais para esconder o descalabro que ocorreu na companhia”.

A Petrobras foi “vítima de uma quadrilha”, pontuou, referindo-se ao esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Mas essa condição de vítima não pode ser encarada como sinônimo de passividade. Continuaremos colaborando de maneira incansável com as investigações”, firmou. 

Modelo de desinvestimentos

O modelo de desinvestimentos poderá priorizar parcerias de investimento e não somente a venda de ativos em negociação. De acordo com o executivo, o objetivo do programa de desinvestimento será identificar ativos que não afetem a estratégia de longo prazo da companhia.

“Vamos trabalhar com vistas a identificar quais os ativos que, de fato, possam ser objeto de desinvestimento e que não prejudiquem o ponto de vista da companhia em relação à sua estratégia e no que é seu core business“, completando, “Temos que contar com nossas próprias medidas e iniciativas num cenário em que o preço do petróleo baixou de US$ 100 para US$ 50”.

Por fim, Parente relatou estare em conversações com a diretoria sobre o programa de desinvestimentos e que não tem detalhes do processo. “Atribuímos muito valor à parceria e, quando falamos em desinvestimento, isso pode não representar venda integral, mas uma combinação de força com parceiro, melhorando a captura de valor”.

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