Líbano espera que “geopolítica” da região seja abordada em cúpula dos Brics
São Paulo, 11 jul (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Gebran Bassil, afirmou nesta sexta-feira em São Paulo que espera que os problemas relacionados com a “geopolítica” de sua região sejam abordados na próxima terça-feira na cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que será realizada em Fortaleza.
“O Líbano sofre com problemas maiores que o tamanho do próprio país”, disse Bassil em um encontro com empresários árabes e brasileiros promovido em São Paulo pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Ele citou a situação da Palestina, a chamada “Primavera Árabe”; o conflito na Síria, que tem impacto direto na estabilidade política e econômica de seu país; e a situação complexa pelo alto número de refugiados sírios, como temas que o Brasil poderá levar ao encontro das potências emergentes.
Para o ministro, o Brasil vê a problemática do Líbano com “entendimento e simpatia” e o apoio externo, particularmente dos Brics, pode ajudar na retomada do equilíbrio interno e na preservação de “países menores, grupos étnicos e religiosos”. Para ele, os problemas do Oriente Médio, em particular o tema do terrorismo, é um assunto não só da região, mas de todo o mundo.
Apesar dos conflitos fazerem parte dos temas a serem tratados, Bassil não fez referência ao foguete lançado hoje do sul do Líbano e que impactou na cidade de Metula, a mais ao norte de Israel, fronteira com seu país, sem causar prejuízos.
Em São Paulo, Bassil foi recebido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo prefeito da cidade, Fernando Haddad, de ascendência libanesa. Na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, ele pediu ao empresariado para aumentar a troca comercial entre os dois países.
“Há uma diferença muito grande (na balança comercial). Estamos na décima primeira posição entre os países árabes que têm negócios com o Brasil”, lembrou Bassil, em referência ao desequilíbrio, que no primeiro semestre, segundo números oficiais brasileiros, registrou US$143 milhões em exportações e US$1,7 milhão em importações.
Nesse sentido, destacou o potencial libanês para expandir suas exportações, com produtos como vinhos e azeites de oliva que ainda são pouco conhecidos no mercado brasileiro, mas que têm tradição na cultura árabe e, por isso, o equilíbrio comercial se transforma em um grande “desafio”.
Ontem, Bassil se reuniu em Brasília com o ministro Luiz Alberto Figueiredo e com o vice-presidente Michel Temer, com quem abordou temas da agenda bilateral e da participação de ambos os países no contexto global.
Com Temer, defendeu a importância de um acordo comercial entre o Líbano e o Mercosul, um tema que começou a ser abordado com a visita a Beirute do vice-presidente brasileiro em 2011, e o fato da recente retomada de voos comerciais entre os dois países. Eles assinaram um acordo para a expedição de vistos com múltiplas entradas de turismo e negócios com validade de três anos.
O Brasil, onde vivem cerca de oito milhões de libaneses e descendentes – número que supera o da população do próprio Líbano -, reflete uma “grande relação humana” entre as duas nações, mas que não ocorre em outras áreas como a comercial, econômica, turística, cultural ou esportiva.
“Há espaço para melhorar e traduzir isso em intercâmbios. Há também um desejo recíproco de estreitar as relações bilaterais”, ressaltou. EFE
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