Líbano tem vazio de poder com novo fracasso em escolher sucessor presidencial
Beirute, 25 mai (EFE).- O Líbano já está sem presidente, depois que ontem, sábado à noite, terminou o mandato de Michel Suleiman e as forças parlamentares voltaram a fracassar em escolher seu sucessor pela divisão entre as alianças pró e contra o regime sírio.
Os deputados da coalizão antiSSíria de 14 de Março e outros independentes foram ao parlamento, mas a sessão não pôde acontecer por falta de quórum, já que seus rivais do movimento 8 de Março, liderados pelo Hezbollah, a boicotaram.
“Viemos para ressaltar a necessidade de escolher um novo chefe de Estado, já que consideramos que a presidência é importante para garantir os valores da república, que se baseiam no pacto nacional, na Constituição e na democracia parlamentar”, afirmaram ontem à noite em comunicado lido pelo deputado Georges Adwan.
Os deputados acusaram seus adversários de “sabotar a República e a Constituição ao eliminar o papel do parlamento” e afirmaram que “a eleição de um novo presidente é um dever nacional e não uma concorrência”.
As Forças do 8 de Março não apresentaram oficialmente nenhum candidato e o não declarado, o general Michel Aoun, chefe de um importante grupo parlamentar cristão, não tornou pública sua candidatura após esperar em vão o apoio da corrente de Futuro, liderada pelo ex-primeiro-ministro Fouad Siniora.
Seus rivais do 14 de Março apoiam Samir Geagea, chefe do partido Forças Libanesas, mas esse está disposto a se aposentar da carreira caso se consiga um acordo sobre outra pessoa.
Em seu discurso de despedida, Suleiman pediu ontem que se reforme a Constituição para promover o funcionamento das instituições e da união nacional.
Suleiman propôs várias emendas para acelerar o trabalho do governo e reforçar as prerrogativas do líder, enquanto elogiou o papel das Forças Armadas neste tempo e convocou a solucionar os problemas derivados da chegada de mais de 1 milhão de refugiados sírios ao Líbano.
As prerrogativas do (agora ex-)presidente são assumidas a partir de agora pelo Conselho de Ministros de forma “interina” até que o parlamento eleja um novo chefe do Estado, mas existe o risco de paralisações se as forças antagonistas boicotarem as sessões governamentais.
Além disso, a comunidade cristã teme perder o cargo máximo do Estado em detrimento das outras comunidades.
Segundo o sistema confessional no Líbano, a presidência deve ser ocupada por um cristão maronita, a chefia do governo, um muçulmano sunita, e a do parlamento, um muçulmano xiita.
Na história do Líbano moderno, viveram-se situações semelhantes: em 1988 o parlamento fracassou ao escolher o sucessor do ex-presidente Amin Gemayel, apesar de que o país estava em guerra civil, e em 2007 eclodiu uma crise durante meses até que Suleiman substituiu o general Émile Lahoud. EFE
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