Líder curdo afirma que atual ofensiva dos EUA não pode deter o avanço do EI

  • Por Agencia EFE
  • 01/10/2014 16h18
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Susana Samhan.

Beirute, 1 out (EFE).- É impossível deter o avanço do Estado Islâmico (EI) contra o enclave curdo de Kobani, um dos principais da Síria, com a ofensiva da coalizão internacional como está sendo realizada atualmente, afirmou o presidente desta região, Anwar Muslem.

Em entrevista por telefone à Agência Efe, Muslem confessou seus temores de que os jihadistas consigam finalmente entrar em Kobani, cidade fronteiriça com a Turquia.

“Lutaremos até o final em cada rua, em cada casa, para não deixar-lhes passar, mas há fortes probabilidades de que consigam”, considerou.

Nos últimos dias, os jihadistas chegaram até quase as portas da cidade e se encontram a cerca de poucos quilômetros, embora os milicianos curdos tentem impedi-los.

Na opinião de Muslem, a única maneira de parar o progresso dos extremistas sunitas seria que os aviões da força internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeassem as armas pesadas e os tanques do EI posicionados nos arredores de Kobani.

Isto daria vantagem às Unidades de Proteção do Povo Curdo, que dispõem de armamento menos sofisticado, para contra-atacar o EI e evitar que avance no terreno.

“O que vamos esperar (da coalizão)? Nós estamos lutando contra o EI há um ano em Kobani e a coalizão começou os bombardeios há poucos dias”, lamentou o líder curdo.

Muslem afirmou à Efe que a administração autônoma curda desta região solicitou ajuda a “todas as partes internacionais”, mas não recebeu resposta.

Também “mantivemos contatos com o parlamento da Turquia para que nos respaldem e enviem armas, mas ainda estamos esperando”, ressaltou.

A expectativa é que a assembleia parlamentar turca debata e aprove amanhã o pedido do governo de Ancara de prorrogar a permissão para poder realizar operações militares na Síria e no Iraque contra os radicais.

Frente à falta de resposta a seus pedidos, Muslem ressaltou o apoio prestado por “irmãos curdos da Turquia que cruzaram à Síria para proteger Kobani”.

Graças a este respaldo, “a situação humanitária dentro da cidade é normal porque entra comida do território turco”, com o qual limita Kobani por sua parte norte, apesar do cerco dos jihadistas em seus lados leste, oeste e sul já durar duas semanas.

O início da ofensiva do EI contra esta região, uma das três que compõem a administração autônoma do Curdistão sírio, junto a Afrin e Al Jazeera, aconteceu uma semana antes do começo dos bombardeios da coalizão internacional contra posições dos extremistas na Síria.

O ataque do EI, que tomou o controle de 325 povos nos arredores de Kobani, originou um êxodo de refugiados à Turquia e outros locais da Síria, que chegam a mais de 200 mil deslocados, segundo os cálculos da ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Para Muslem, Kobani é importante para o EI “porque é o símbolo da Síria independente”.

“Aqui antes viviam curdos, turcomanos e armênios em calma e de forma pacífica. Somos um símbolo e por isso somos atacados por estes terroristas do EI”, se queixou o presidente.

Os jihadistas proclamaram um califado no Iraque e na Síria no final de junho, onde conquistaram amplas áreas do norte e do sul de ambos estados.

Os curdos, tanto no solo sírio como no iraquiano, opuseram uma dura resistência ao progresso do EI.

Na Síria, os curdos se concentram, sobretudo, na província de Al Hasaka (nordeste), onde está a região da Al Jazeera, e na província de Aleppo (norte), onde se localizam Afrin e Kobani, e representam 9% dos habitantes do país. EFE

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