Líder da oposição israelense diz que nova lei pode aumentar tensão na região

  • Por Agencia EFE
  • 24/11/2014 11h10

Javier Martín.

Jerusalém, 23 nov (EFE).- O principal líder da oposição israelense, o trabalhista Yitzhak Herzog, qualificou neste domingo de “inoportuna e desnecessária” a proposta de lei aprovada pela atual coalizão de governo sobre a natureza judaica do Estado de Israel e advertiu que pode alimentar a tensão na região.

Em declarações divulgadas pelo site do jornal “Yedioth Ahronoth”, Herzog comparou a decisão – aceita hoje por 15 dos 22 ministros – com a polêmica sobre a soberania da Esplanada das Mesquitas, terceiro local mais sagrado do islã, que provocou uma onda de ataques, tensão e insegurança em Jerusalém.

“É igual à atitude do governo de (Benjamín) Netanyahu em relação ao Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas). Tratar este assunto durante a (atual) situação de segurança e em um país tão sensível é irresponsável e desnecessário, e poderia inflamar as chamas na região”, argumentou.

Herzog se perguntou, além disso, sobre que necessidade se tem de mudar uma formulação que foi pactuada pelos pais da pátria judaica durante a declaração de independência em 1948.

“Se a declaração de independência foi suficientemente boa para nós quando éramos uma minoria de 600 mil pessoas, por que não é suficiente para Netanyahu hoje? Só um primeiro-ministro que não confia em si mesmo, sem uma visão e sem um plano, necessita deste tipo de lei superficial que não melhora a vida dos cidadãos”, disse.

O governo israelense aprovou neste domingo o citado projeto de lei para declarar Israel um “Estado judeu”, apesar da opinião de especialistas juristas, que advertem que solapa os princípios democráticos e ameaça os direitos das minorias árabes.

Um dos mais críticos à decisão, aprovada graças à força dos elementos ultranacionalistas da coalizão liderada por Netanyahu, foi o procurador-geral do Estado, Yehuda Weinstein, para quem a nova proposta de lei representa “um ataque à natureza democrática de Israel”.

A lei introduz “uma mudança tangível nos princípios básicos da lei constitucional que ficaram fixados na declaração de independência e nas leis básicas do parlamento, e tem a capacidade de trivializar o caráter democrático” do Estado, advertiu Weinstein dias atrás.

Weinstein e outros especialistas temem que a nova redação legal represente que a igualdade social e política da qual desfrutam na atualidade todos os cidadãos de Israel “sem importar sua raça, religião e gênero”, fique supeditada ao arbítrio dos legisladores. EFE

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