Líder de Burkina Fasso dissolve guarda presidencial após ser restituído

  • Por Agencia EFE
  • 26/09/2015 05h21

Ouagadogou, 26 set (EFE).- O presidente do regime de transição de Burkina Fasso, Michel Kafando, dissolveu o Regimento de Segurança Presidencial (RSP), responsável pelo golpe militar da semana passada, com a assinatura de um decreto lido na noite de sexta-feira, ao vivo, na emissora de televisão nacional.

Esta medida acontece dois dias depois que os militares golpistas que detiveram Kafando e seu primeiro-ministro, Isaac Zida, durante uma reunião de governo, renunciaram ao poder.

A intenção do restituído Kafando de dissolver o RSP – assim como o veto à participação nas próximas eleições de antigos aliados do ex-presidente Blaise Compaoré, cuja queda em 2014 iniciou o atual processo de transição – foi uma das razões que levaram os golpistas a agir.

Tropas do exército leais ao governo de transição se deslocaram durante a semana de várias regiões do país para a capital, Ouagadogou, seguindo ordens do Executivo com o objetivo de desarmar através da força o RSP, um grupamento de elite de 1.300 homens criado em 1996 pelo presidente Compaoré para sua proteção.

A guarda presidencial foi acusada de várias violações aos direitos humanos, como o assassinato de 30 pessoas durante a insurreição popular que obrigou Compaoré a deixar o país no ano passado, depois de comandar o país por 27 anos.

Além de acabar com a guarda leal a Compaoré e seus seguidores, o decreto lido na televisão determinou a saída do ministro da Segurança, o coronel Sidi Pare.

O governo realizou ontem sua primeira reunião depois do golpe e anunciou a formação de uma comissão para investigar a violência provocada pelo levantamento, que resultou na morte de 11 pessoas e deixou 271 feridos.

As eleições legislativas e presidenciais, previstas para 11 de outubro, foram adiadas e serão realizadas, no mais tardar, em 22 de novembro, mas ainda existem pontos de divergência nas negociações.

Organizações da sociedade civil, partidos políticos e cidadãos se mostraram contrários à anistia para os golpistas, algo que é apoiado pelos líderes regionais para selar o acordo.

No último dia 16, uma reunião de governo similar foi interrompida por um grupo de militares que, após terem capturado o presidente e o primeiro-ministro, declararam o fim do governo de transição e nomearam o general Gilbert Diendéré, aliado do ex-presidente Blaise Compaoré, como novo líder do regime de transição.

A pressão do exército e as intensas negociações de países como Senegal e Benin, respaldados por Estados Unidos e França, fizeram com que os militares golpistas a deixassem o poder e restaurassem o governo civil. EFE

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