Líder de partido neonazista grego denuncia perseguição política

Remei Calabuig.

Atenas, 21 jan (EFE).- O líder do partido neonazista grego Amanhecer Dourado, Nikolaos Michaloliakos, afirmou nesta quarta-feira que sua prisão e a de outros deputados da legenda ultradireitista fazem parte de uma perseguição política orquestrada pelo governo.

“Decidiram nos exterminar politicamente porque o Amanhecer Dourado é a única resistência aos agiotas, que são os tiranos desse país há 40 anos”, disse Michaloliakos, em uma mensagem por telefone gravada na prisão e reproduzida durante um comício do partido em Atenas, a quatro dias das eleições gerais que ocorrerão no domingo.

Durante todo o período eleitoral, o líder neonazista acusou o governo grego de não permitir que o Amanhecer Dourado fizesse campanha como as demais legendas porque nenhum membro da cúpula do partido era autorizado a sair da prisão para participar de atos públicos.

“A única esperança para o país é o Amanhecer Dourado”, afirmou à Agência Efe um dos cerca de 300 jovens que compareceram ao evento, que exigiu, além disso, a saída dos dirigentes da prisão para fazer campanha como os demais concorrentes ao pleito.

Giorgos Epitidios, deputado europeu da legenda, convocou a população para votar em massa no partido para “derrotar o plano de fraude eleitoral contra o Amanhecer Dourado”. Além disso, ele afirmou que as pesquisas feitas no país não correspondem à realidade.

“Uma grande vitória abrirá as portas da penitenciária de Korydallos”, afirmou, em referência ao centro de detenção onde estão os políticos neonazistas.

Dos 16 deputados do Amanhecer Dourado, sete, entre eles Michaloliakos, estão em prisão preventiva. Outros três estão em prisão domiciliar, e dois em liberdade condicional, mas proibidos de participar de atos políticos. Eles são acusados de vários crimes, incluindo pertencer e dirigir organizações criminosas.

Nas eleições do próximo domingo, os neonazistas querem se estabelecer como a terceira força política da Grécia, posição disputada também pelo partido centrista To Potami, pelo comunista KKE e o social-democrata Pasok.

No entanto, o Amanhecer Dourado garante que não conversará com os dois principais blocos – a coalizão esquerdista Syriza ou o partido conservador Nova Democracia – se eles não conseguirem formar um novo governo.

Entre os eleitores do Amanhecer Dourado estão cidadãos cansados dos partidos tradicionais que governaram a Grécia até então, criando um sistema baseado no clientelismo.

“Espero que consigam um bom resultado e possam ter um grupo parlamentar forte, que controle melhor o governo e que possa revelar os escândalos dos partidos que nos governaram até agora”, afirmou à Efe outro presente ao comício.

Segundo analistas, muitos deles sequer se identificam com a ideologia ultradireitista, mas optam pelo Amanhecer Dourado como uma alternativa ao bipartidarismo, à corrupção e às imposições da troika.

Por isso, alguns dos simpatizantes inclusive chegam a votar na Syriza em algumas ocasiões, fato que pode se repetir nas eleições de domingo.

É o caso de Yannis, um eleitor que afirmou à Efe ainda estar indeciso, mas garantiu que votará ou na Syriza ou no Amanhecer Dourado.

Na atual campanha, os ultradireitistas mudaram de estratégia. Além de se mostrarem mais acessíveis à imprensa local e estrangeira, fizeram uma mudança no perfil de seus candidatos, incluindo pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos, principais figuras da base eleitoral grega. Nas eleições europeias, grande parte dos concorrentes era de ex-militares.

Spyros, eletricista de 59 anos e que revelou sempre ter apoiado a direita, afirmou que votará no Amanhecer Dourado porque está “cansado” do resto dos partidos.

Nas últimas eleições gerais, em junho de 2012, o Amanhecer Dourado obteve 6,9% dos votos. As pesquisas apontam que o partido tem entre 5% e 6% das intenções de voto no pleito de domingo. EFE

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