Líder do Hamas anuncia acordo com Fatah para reabertura de bancos em Gaza
Gaza, 10 jun (EFE).- O destacado dirigente do grupo islamita palestino Hamas Moussa Abu Marzuq anunciou nesta terça-feira que alcançou um acordo com o movimento nacionalista Fatah para reabrir amanhã os bancos da Faixa de Gaza, fechados há seis dias por conta de uma crise salarial.
Em entrevista à agência pró Hamas “Al Ray”, Abu Marzuq, que está em Gaza como representante nos esforços de reconciliação entre as duas principais facções palestinas, precisou que os funcionários do grupo islamita receberão seus salários nos próximos dias.
Os funcionários do anterior governo do Hamas na Faixa, que estava sob controle exclusivo do grupo desde 2007, protestaram na semana passada pela falta de pagamento de seus salários por parte do novo Executivo e bloquearam várias filiais bancárias em protesto pela cobrança de salários dos funcionários da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Todos os bancos e caixas automáticos na Faixa de Gaza permaneceram hoje fechados pelo sexto dia consecutivo devido à crise salarial, que afetou 70 mil palestinos empregados pelo antigo regime islamita e que não receberam seus salários do mês de maio.
Perante o fechamento bancário, a ANP instruiu seus funcionários a usar cartões de crédito para fazer frente às despesas cotidianas como leite e alimentos em supermercados e lojas de alimentação.
Além de fechar os bancos e caixas, várias testemunhas relataram que a polícia do Hamas confiscou na terça-feira “máquinas para comprar com cartões de crédito” de shoppings e supermercados em toda a Faixa de Gaza.
Especialistas em economia da Faixa advertiram hoje que se continuar a atual crise, os empregados públicos e seus familiares podem recorrer à força para ter acesso aos produtos básicos em lojas e supermercados.
“Isto conduzirá a um completo caos e instabilidade nas ruas da Faixa de Gaza que levará a mais violência interna e jogará por terra os esforços de reconciliação e o governo de unidade”, alertou Samir Bishara, um empresário da faixa.
Nos últimos dois dias dirigentes do Hamas e Fatah intercambiaram acusações sobre a responsabilidade da atual crise salarial, que deixou até o momento a 120 mil famílias sem dinheiro e interrompem os esforços de reconciliação nacional entre ambos grupos enfrentados durante anos.
A princípios deste mês, o novo governo de unidade palestino liderado pelo primeiro-ministro, Rami Hamdala, e integrado em seu maior parte por tecnocratas, assimiu o poder e realizou o juramento, como o estabelecido no último acordo de reconciliação nacional rubricado pelo Hamas e Fatah em 23 de abril e que colocou fim a sete anos de diferenças. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.