Líder do Hezbollah pede fim de intervenção no Iêmen e antecipa fracasso

  • Por Agencia EFE
  • 27/03/2015 21h50
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Beirute, 27 mar (EFE).- O líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, rejeitou nesta sexta-feira os argumentos da coalizão árabe, liderada pela Arábia Saudita, para intervir no Iêmen, e afirmou que isso terá “consequências perigosas para a região”, e que nenhuma campanha aérea alcançará uma vitória.

Nasrallah disse que o povo iemenita tem “o direito de resistir e sairá vitorioso”, e pediu “a cessação imediata da agressão” contra o movimento xiita iemenita dos houthis.

“Onde estão as provas de que a situação no Iêmen ameaça a segurança da Arábia Saudita e dos países do Golfo? Que fizeram os houthis para que vocês os julguem desse modo?”, questionou Nasrallah em discurso transmitido pela televisão “Al-Manar”, porta-voz do Hezbollah.

Para ele, não há provas de que o Irã ocupe o Iêmen ou tenha instalado bases: “Trata-se da mentira maior. A República Islâmica nunca interveio nos assuntos desse país”, acrescentou.

Nasrallah estimou que o problema existente se deve à mentalidade saudita, que não respeita a vontade dos povos livres e não aceita sua livre opinião, o que leva a “políticas equivocadas e fracassos”.

“É seu fracasso que empurra os países da região rumo ao Irã”, disse.

Segundo o líder do Hezbollah, em vez de falar de um perigo a que é preciso resistir no Iêmen, deveriam se concentrar em Israel, que “possui um dos exércitos mais poderosos”.

No entanto, continuou, os sauditas “nunca perceberam o Estado judeu como um inimigo nem como uma ameaça”.

“Se a guerra fosse dirigida contra Israel nós teríamos nos unido a ela, mas não contra os povos árabes”, acrescentou Nasrallah, que ressaltou que “há anos o povo palestino lança chamados aos árabes”.

Indicou que nunca viram “firmeza contra Israel”, em alusão a operação árabe no Iêmen ter batizada de “Tempestade da Firmeza”, e acusou a Arábia Saudita e outros países árabes de abandonarem a Palestina.

Também acusou a Arábia Saudita de “levar o (grupo jihadista) Estado Islâmico aos quatro cantos do mundo para derrubar o governo de (o ex-primeiro-ministro iraquiano) Nouri al-Maliki e o regime (do presidente sírio) Bashar al Assad”, ambos xiitas.

Nesta linha, denunciou que o príncipe saudita Bandar bin Sultan financia o Estado Islâmico.

Sobre a situação interna do Líbano, garantiu que continuará o diálogo com a rival Corrente do Futuro (do sunita Saad Hariri) sem prestar atenção aos que tentam semear a discórdia.

Nasrallah ressaltou que o Irã também não interferiu na eleição de um presidente no Líbano, mas a Arábia Saudita sim.

A intervenção aérea árabe no Iêmen, que começou ontem com a participação do Kuwait, Emirados e Egito, entre outros, pôs em evidência a fratura entre sunitas e xiitas na região.EFE

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